Implante mamário PIP danificado (Globalpost) |
“As
evidências foram insuficientes para concluir que as mulheres com implantes
mamários de silicone PIP sofrem um maior risco do que as que usam produtos de
outras marcas,” escreveram os investigadores do Comité Científico dos Riscos
para a Saúde Emergentes e Recentemente Identificados no documento
entregue aos técnicos da Comissão Europeia.
“Esta
opinião agora publicada resume o atual conhecimento científico sobre a questão.
Vamos neste momento discutir com os Estados Membros uma série de medidas
imediatas para fortalecer a supervisão existente e os controlos de segurança de
todos os produtos que já existem no mercado,” explicou o Comissário da Saúde e
do Consumo John Dalli, que acrescentou que na primavera será adotada uma
revisão da Diretiva dos Dispositivos Médicos que incluirá um reforço da monitorização,
vigilância e funcionamento dos órgãos de controlo. “Uma das opções que está a
ser explorada é a introdução do chamado DUI, Dispositivo Único Identificador,
que poderá ser um microchip,” revelou mais tarde o porta-voz Frederic Vincent.
O
ESCÂNDALO DAS MAMINHAS DE SILICONE
A
polémica foi lançada no final do ano passado, quando o governo de França
sugeriu a cerca de 30.000 mulheres a remoção dos implantes mamários da marca
PIP, sem qualquer custo. As autoridades francesas tinham descoberto indícios de
fraude na fabricação do material, estando a ser usado silicone industrial, que
poderia libertar toxinas que, em último caso, conduziriam ao desenvolvimento de
células cancerígenas.
Logo
de seguida, quatro outros Estados Membros tomaram a mesma decisão: a Alemanha,
a República Checa, a Holanda e a Bélgica. Outros países como a Espanha e o
Reino Unido recomendaram a retirada dos implantes apenas nas mulheres que
detetassem qualquer tipo de problema. Ainda assim, todas elas deveriam ser
sujeitas a uma revisão.
A
Comissão indica que, de acordo com as estatísticas disponíveis, no mundo
inteiro, já foram vendidos cerca de 400.000 implantes PIP, incluindo 40.000 no
Reino Unido, 30.000 em França, 10.000 em Espanha e 7.500 na Alemanha. No
entanto, nem todos os países têm um registo nacional de quantos pacientes
utilizam esta marca.
Até
ao momento, há registo de uma morte, ocorrida em França, provocada por
complicações causadas por implantes mamários PIP.
Jean-Claude Mas, o fundador da empresa, que entretanto faliu, está atualmente a ser
acusado por ofensas corporais involuntárias, encontrando-se em liberdade depois
de ter pago uma caução de 100 mil euros. Está impedido de abandonar o
território francês e de se reunir com os executivos da fábrica falida. O
empresário admitiu saber que o gel utilizado nos implantes não estava
homologado e mostrou-se consciente da opção por um produto mais barato.
O
CASO PORTUGUÊS
Em
Portugal, o Infarmed, a autoridade que regula o setor do medicamento, garante
que continua “a seguir os casos reportados e os procedimentos adotados a nível
nacional e internacional”.
Segundo
as estimativas, há cerca de 2000 mulheres com próteses mamárias e desde 2004,
já seis com produtos da marca PIP requisitaram a respetiva remoção, três delas
já este ano.
O
Serviço Nacional de Saúde (SNS) garante a retirada dos implantes com
complicações de forma gratuita. No entanto, a sua substituição nos serviços de
saúde públicos só aconteça em duas situações: quando colocados no SNS e sempre
que a razão do implante seja a ablação da mama por doença. Ou seja, os
tratamentos de cariz estético não são contemplados.
Marta Velho
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