ACTA
OU NÃO DESACTA
ALGUNS
PAÍSES JÁ ASSINARAM O POLÉMICO DIPLOMA CONTRA A PIRATARIA INFORMÁTICA MAS A
PRUDÊNCIA DE ALGUNS PODE LEVAR PARLAMENTO EUROPEU A REVER PROPOSTA
Um
acordo internacional que visa criar um enquadramento legal comum para combater
as violações de direito de autor na internet e as contrafacções não só está a
levar milhares de pessoas a protestar como já cria divergências no seio da
União Europeia.
O
Anti-Counterfeiting Trade Agreement (ACTA), assinado por diversos países no
mundo e a maioria dos países-membros da União não convence todos. Apesar de
países como Estados Unidos, Canadá e Austrália já terem assinado a proposta, outros
estão preocupados com as consequências que o acordo possa trazer.
Apesar
de já ter sido assinado por 22 países europeus, à Alemanha e à Polónia, que já
se tinham oposto à ratificação da ACTA, juntam-se agora os Países Baixos e a
Bulgária. O ministro da economia búlgaro, Traicho Trakov, teme que a lei possa
encorajar a vigilância da internet e limitar a liberdade de descarregar filmes
e música. Mesma prudência tomou o Parlamento holandês que apoiou um apelo do
partido da Esquerda Verde para que a assembleia não ratificasse de imediato o
acordo.
Enquanto
alguns estados se preparavam para assinar o documento durante o mês de Janeiro,
no seio da União, as populações contra a medida não ficaram em casa e, depois
dos protestos que durante meses marcaram posição contra o "um por
cento", voltaram a descer para as ruas milhares de pessoas que temem a
limitação da liberdade de expressão.
Máscaras
brancas, famosas em manifestações de indignados e occupiers que percorreram o
mundo, ganharam novo estandarte contra a medida ACTA. O grupo Anonymous, que
apoiou as manifestações contra as classes políticas com acções concretas de pirataria
na internet, já alertou para o "perigo" que o diploma representa.
As
divergências no seio da União, apesar da maioria de assinaturas por parte dos
países, chegou ao Parlamento Europeu e o próprio negociador da ACTA, demitiu-se
do encargo por considerar que o diploma vai "longe de mais". Kader
Arif, político francês e ex-membro do Parlamento, acredita que a medida ameaça
a liberdade dos cibernautas.
A
ser aprovado, o acordo pode levar a acusações criminais utilizadores que tenham
música ou filmes descarregada ilegalmente. Arif apelou mesmo a que a população
da União Europeia "demonstre interesse e preocupação quanto ao
acordo" para criar "um debate público, que foi impossível até
hoje".
Depois
das discordâncias, o Parlamento Europeu pode estar mesmo confinado a uma
revisão da proposta. Mas Arif acredita que "é impossível" esta
revisão porque o debate entre os partidos representados no Parlamento terminou
no passado dia 1 de Outubro.
"A
Comissão Europeia negociou [o acordo] em nome da União Europeia, na base do
mandato entregue pelos países-membros em 2007", explicou.
Os
defensores da medida dizem que "se trata de atacar actividades ilegais a
larga escala", como vem descrito no próprio documento.
Valerio Boto
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