quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

GÁS EXTRAÍDO DAS ROCHAS DE XISTO ESTÁ A REVOLUCIONAR MERCADO ENERGÉTICO
A fatura da eletricidade pode vir a ficar mais barata
se os governos investirem na exploração de gás de xisto (DR)

Portugal tem recursos por explorar

As novas técnicas de extração de gás natural armazenado nas rochas de xisto estão a revolucionar a produção energética mundial. O gás de xisto (ou gás shale - termo inglês) atinge hoje 20% da produção energética nos Estados Unidos e pode ultrapassar os 50% até 2030. A atenção está agora a virar-se para a Europa, onde alguns projetos de exploração foram já iniciados por países como a Polónia ou o Reino Unido. Portugal faz parte da lista de países com formação deste tipo de combustível, tendo a bacia Lusitânica e a bacia de Peniche sido identificadas como estruturas que seriam atraentes para a sua exploração.
Em termos de consumo o gás de xisto é um recurso mais barato e menos poluente, ainda assim, a chegada deste gás não convencional tem vindo a levantar questões do foro ambiental. A exploração do gás e do petróleo de xisto por fratura hidráulica, com a ajuda da injeção de grandes quantidades de água e produtos químicos no subsolo, é atacada pelos ecologistas que consideram a técnica particularmente nociva para as reservas de água potável existentes nos lençóis freáticos. Edite Estrela alertou também, em Bruxelas, para os riscos da extração de gás e petróleo de xisto, referindo que "há impactes para a saúde e para o ambiente, e os cidadãos merecem conhecer esses riscos." A eurodeputada foi uma das cossignatárias de uma declaração escrita, que pedia a aplicação imediata de uma moratória europeia às atividades de exploração de depósitos de gás e de petróleo de xisto, de modo a realizar estudos de avaliação de impacte em matéria de saúde e ambiente, designadamente sobre o impacte climático da libertação maciça de hidrocarbonetos para a atmosfera.
Por sua vez, o grupo de reflexão (think tank) britânico Global Warming Policy Foundation defende que “a contaminação das águas subterrâneas é possível, mas improvável se os procedimentos adequados forem seguidos”.

EUROPA DIVIDIDA

Enquanto a Europa Ocidental apresenta uma oposição política e ambiental considerável à exploração do gás de xisto, muitos estados do leste da União Europeia apoiam fortemente a exploração e produção deste gás, por razões geopolíticas.
No ano passado, a França pediu a suspensão da exploração de gás de xisto através da prática de perfuração que injeta substâncias químicas na terra para extrair gás natural, por temer que a água possa ser contaminada pelos produtos químicos utilizados. Em janeiro deste ano a Bulgária seguiu o exemplo. No Reino Unido, o Centro Tyndall para Pesquisas sobre Mudanças Climáticas pediu uma moratória sobre as operações de gás de xisto até as implicações ambientais serem totalmente compreendidas. países da Europa Central e Oriental, como a Polónia, estão ansiosos por explorar as suas reservas de gás de xisto como uma oportunidade para reduzir a sua forte dependência dos fornecimentos de gás do país vizinho, a Rússia.
Em Portugal 70,2% da energia consumida não tem produção interna, de acordo com números disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para 2010. A história da prospeção de hidrocarbonetos no país ter-se-á iniciado em meados do século XIX. Data de 1844 uma das primeiras referências à existência de hidrocarbonetos em território nacional, no lugar designado Canto de Azeche, em São Pedro de Moel.  

Susana Machado

Sem comentários:

Enviar um comentário