A fatura da eletricidade pode vir a ficar mais barata se os governos investirem na exploração de gás de xisto (DR) |
Portugal tem recursos por explorar
As novas técnicas de extração de
gás natural armazenado nas rochas de xisto estão a revolucionar a produção
energética mundial. O gás de xisto (ou gás shale - termo inglês) atinge hoje
20% da produção energética nos Estados Unidos e pode ultrapassar os 50% até
2030. A atenção está agora a virar-se para a Europa, onde alguns projetos de
exploração foram já iniciados por países como a Polónia ou o Reino Unido. Portugal
faz parte da lista de países com formação deste tipo de combustível, tendo a
bacia Lusitânica e a bacia de Peniche sido identificadas como estruturas que
seriam atraentes para a sua exploração.
Em termos de consumo o gás de
xisto é um recurso mais barato e menos poluente, ainda assim, a chegada deste
gás não convencional tem vindo a levantar questões do foro ambiental. A exploração do gás e do petróleo de xisto por fratura hidráulica,
com a ajuda da injeção de grandes quantidades de água e produtos químicos no
subsolo, é atacada pelos ecologistas que consideram a técnica particularmente
nociva para as reservas de água potável existentes nos lençóis
freáticos. Edite Estrela alertou também, em
Bruxelas, para os riscos da extração de gás e petróleo de xisto, referindo que
"há impactes para a saúde e para o ambiente, e os cidadãos merecem
conhecer esses riscos." A eurodeputada foi uma das cossignatárias de uma
declaração escrita, que pedia a aplicação imediata de uma moratória europeia às
atividades de exploração de depósitos de gás e de petróleo de xisto, de modo a
realizar estudos de avaliação de impacte em matéria de saúde e ambiente,
designadamente sobre o impacte climático da libertação maciça de
hidrocarbonetos para a atmosfera.
Por sua vez, o grupo
de reflexão (think tank) britânico Global Warming Policy Foundation defende que
“a contaminação das águas subterrâneas é possível, mas improvável se os procedimentos
adequados forem seguidos”.
EUROPA DIVIDIDA
Enquanto a Europa Ocidental apresenta uma oposição política e ambiental considerável à exploração do gás de xisto,
muitos estados do leste da União Europeia apoiam fortemente a exploração e produção deste gás, por razões geopolíticas.
No ano passado,
a França pediu a suspensão da exploração
de gás de xisto através da
prática de perfuração que injeta substâncias químicas na terra para extrair gás
natural, por temer que a água possa
ser contaminada pelos
produtos químicos utilizados. Em janeiro deste ano a Bulgária seguiu
o exemplo. No Reino Unido, o
Centro Tyndall para Pesquisas sobre Mudanças Climáticas pediu
uma moratória sobre as operações de
gás de xisto até as
implicações ambientais serem totalmente compreendidas.
Já países da Europa Central e Oriental,
como a Polónia, estão ansiosos por
explorar as suas reservas de gás de xisto como uma oportunidade para reduzir a sua forte dependência dos fornecimentos de gás do país vizinho, a Rússia.
Em Portugal 70,2%
da energia consumida não tem produção interna, de acordo
com números disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística
(INE) para 2010. A história da prospeção de hidrocarbonetos no país ter-se-á
iniciado em meados do século XIX. Data de 1844 uma das primeiras referências à
existência de hidrocarbonetos em território nacional, no lugar designado Canto
de Azeche, em São Pedro de Moel.
Susana Machado
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