sexta-feira, 4 de maio de 2012

PLATAFORMA NOVA


Informamos que o qUE? está já disponível na nova plataforma em www.quenoticiasdaeuropa.com


Os artigos deixarão de ser publicados neste blog. 


Muito obrigada.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

GÁS EXTRAÍDO DAS ROCHAS DE XISTO ESTÁ A REVOLUCIONAR MERCADO ENERGÉTICO
A fatura da eletricidade pode vir a ficar mais barata
se os governos investirem na exploração de gás de xisto (DR)

Portugal tem recursos por explorar

As novas técnicas de extração de gás natural armazenado nas rochas de xisto estão a revolucionar a produção energética mundial. O gás de xisto (ou gás shale - termo inglês) atinge hoje 20% da produção energética nos Estados Unidos e pode ultrapassar os 50% até 2030. A atenção está agora a virar-se para a Europa, onde alguns projetos de exploração foram já iniciados por países como a Polónia ou o Reino Unido. Portugal faz parte da lista de países com formação deste tipo de combustível, tendo a bacia Lusitânica e a bacia de Peniche sido identificadas como estruturas que seriam atraentes para a sua exploração.
Em termos de consumo o gás de xisto é um recurso mais barato e menos poluente, ainda assim, a chegada deste gás não convencional tem vindo a levantar questões do foro ambiental. A exploração do gás e do petróleo de xisto por fratura hidráulica, com a ajuda da injeção de grandes quantidades de água e produtos químicos no subsolo, é atacada pelos ecologistas que consideram a técnica particularmente nociva para as reservas de água potável existentes nos lençóis freáticos. Edite Estrela alertou também, em Bruxelas, para os riscos da extração de gás e petróleo de xisto, referindo que "há impactes para a saúde e para o ambiente, e os cidadãos merecem conhecer esses riscos." A eurodeputada foi uma das cossignatárias de uma declaração escrita, que pedia a aplicação imediata de uma moratória europeia às atividades de exploração de depósitos de gás e de petróleo de xisto, de modo a realizar estudos de avaliação de impacte em matéria de saúde e ambiente, designadamente sobre o impacte climático da libertação maciça de hidrocarbonetos para a atmosfera.
Por sua vez, o grupo de reflexão (think tank) britânico Global Warming Policy Foundation defende que “a contaminação das águas subterrâneas é possível, mas improvável se os procedimentos adequados forem seguidos”.

EUROPA DIVIDIDA

Enquanto a Europa Ocidental apresenta uma oposição política e ambiental considerável à exploração do gás de xisto, muitos estados do leste da União Europeia apoiam fortemente a exploração e produção deste gás, por razões geopolíticas.
No ano passado, a França pediu a suspensão da exploração de gás de xisto através da prática de perfuração que injeta substâncias químicas na terra para extrair gás natural, por temer que a água possa ser contaminada pelos produtos químicos utilizados. Em janeiro deste ano a Bulgária seguiu o exemplo. No Reino Unido, o Centro Tyndall para Pesquisas sobre Mudanças Climáticas pediu uma moratória sobre as operações de gás de xisto até as implicações ambientais serem totalmente compreendidas. países da Europa Central e Oriental, como a Polónia, estão ansiosos por explorar as suas reservas de gás de xisto como uma oportunidade para reduzir a sua forte dependência dos fornecimentos de gás do país vizinho, a Rússia.
Em Portugal 70,2% da energia consumida não tem produção interna, de acordo com números disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) para 2010. A história da prospeção de hidrocarbonetos no país ter-se-á iniciado em meados do século XIX. Data de 1844 uma das primeiras referências à existência de hidrocarbonetos em território nacional, no lugar designado Canto de Azeche, em São Pedro de Moel.  

Susana Machado

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

AJUDA ALIMENTAR AGUENTA ATÉ 2013, MAS CORRE RISCOS
Afinal a ajuda europeia aos mais carenciados foi além de 2011 (Gerd Ludwig 2002)

PROGRAMA DE DISTRIBUIÇÃO ALIMENTAR PARA OS MAIS CARENCIADOS SERÁ PROLONGADO PELO MENOS ATÉ 2013 E RECEBERÁ 500 MILHÕES DE EUROS PARA FAZER FACE À CRISE

Há nova esperança para o programa de ajuda alimentar à população mais desfavorecida da União Europeia. Assegurados ficam para já os anos de 2012 e 2013, mas responsáveis políticos já pensam num prolongamento até 2020.

O Programa de Distribuição Alimentar (PDA) foi reanalisado pelo Parlamento Europeu que, dada a crise económica que assola a Europa e ao rigoroso inverno deste ano, admitiu rever o prazo do plano e assegurou mais dois anos de financiamento.

"Muitas pessoas de diferentes grupos sociais encontram-se numa situação de crise económica tanto no Sul como no Norte da Europa e em novos e mais antigos estados-membros", sublinhou o euro-parlamentar polaco Czeslaw Siekierski.

O representante da Polónia lembrou que "muitos sem-abrigo" se encontram numa "situação muito difícil" e apontou para uma importância acrescida do plano de ajuda neste período.

O programa vai contar com um apoio de 500 milhões de euros financiados ao longo dos próximos dois anos por fundos europeus. Segundo a Aliança Europeia de Saúde Pública, mais de 18 milhões de pessoas desfavorecidas são atualmente abrangidas por esta ajuda alimentar.

Dezembro de 2011 era o limite marcado para o PDA, mas os ministros da Agricultura dos diferentes países pediram o prolongamento, em janeiro, reunidos em Conselho da Agricultura, por mais dois anos. Votaram contra a prolongação o Reino Unido, a Suécia e a Dinamarca. Absteve-se a República Checa.

Aprovado pelo Parlamento Europeu, o prolongamento até 2013 do programa foi encarado como uma "conquista importante", mas muitos responsáveis já pensam na necessidade do programa continuar em 2014.

"Continuaremos a nossa pressão política para assegurar que a União Europeia continue a mostrar solidariedade com os mais fracos da nossa sociedade também depois de 2013, especialmente em tempos de grave crise económica", explicou o Presidente da Comissão de Agricultura, Paolo de Castro.

Mantendo-se o limite previsto, em 2013, o programa veria o seu fim após 26 anos de ter sido instituído para ajudar os mais carenciados dos ex-países soviéticos.

Valerio Boto

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

PREÇOS DO ROAMING PODEM BAIXAR ESTE ANO

O raoming está, de novo, na agenda
do Parlamento Europeu
Parlamento Europeu apresenta proposta para descer o preço das chamadas efetuadas dentro da União Europeia (EU). Empresas de telecomunicações reagem com desagrado.

O Parlamento Europeu deverá votar, em abril, uma proposta que visa continuar a baixar o preço das chamadas de voz, mensagens de texto (SMS) e serviços de dados efetuados dentro da União Europeia (roaming). A ser aprovada, a nova legislação entrará em vigor depois de junho de 2012, altura em que as atuais regras impostas pela Comissão Europeia deixam de estar em vigor.
A proposta vai ser apresentada por uma equipa liderada por Angelika Niebler. A eurodeputada alemã considera que “o roaming de dados através de fronteiras e redes deixou de ser, tecnicamente, um exercício caro” e, por isso, “todos os utilizadores têm direito a um preço justo", afirma.
O eurodeputado português, Correia de Campos, vai mais longe e defende a criação, a breve trecho, de um “verdadeiro mercado único das telecomunicações” em que sejam eliminados os encargos do roaming no espaço europeu e os preços sejam iguais em todos os Estados-membros.
De acordo com as medidas apresentadas, a partir de 1 de julho de 2014 os consumidores de roaming não deverão pagar mais de 24 cêntimos por minuto para fazer uma chamada, um máximo de 10 cêntimos por minuto para receber uma chamada, um máximo de 10 cêntimos para enviar uma mensagem de texto e um máximo de 50 cêntimos por megabyte (MB) para download de dados ou para navegar na Internet.
Outra das medidas previstas na proposta é a possibilidade dos consumidores poderem escolher as redes móveis que pretendem utilizar quando visitam outro país da UE, mantendo o mesmo número de telefone e um contrato de roaming separado do seu contrato para serviços móveis nacionais.
A proposta apresentada traz boas notícias para os consumidores, mas não agrada as empresas de telecomunicações europeias. "Os preços do roaming são evidências claras de que o mercado único não está suficientemente integrado. Os consumidores europeus são relutantes em usar os seus dispositivos móveis quando viajam para o exterior", diz Monika Štajnarová, da Organização Europeia de Consumidores, BEUC.

EMPRESAS DE TELECOMUNICAÇÕES ALEGAM QUE MEDIDAS PROPOSTAS LIMITAM A COMPETITIVIDADE

A autora da proposta, Angelika Niebler, acredita que esta também daria a operadores móveis (incluindo os chamados operadores móveis virtuais, que não têm a sua própria rede) o direito de usar redes de outras operadoras em outros Estados-Membros, e assim incentivar os operadores a competir mais no mercado de itinerância.
As empresas de telecomunicações europeias, por sua vez, unem-se para mostrar descontentamento perante os novos limites propostos para os preços do roaming e discordam com o argumento da eurodeputada. “Os rigorosos limites de preços e a reforma estrutural do mercado são incompatíveis. As medidas estruturais propostas só podem ser eficazes se os limites máximos de preços de retalho forem fixados em níveis que incentivem a entrada no mercado (de novas empresas) ao invés de desencorajá-la”, argumenta, em comunicado, a GSM Association, representante de vários operadores móveis a nível mundial.  
Por sua vez, Richard Feasey, da Vodafone, incita os parlamentares a reconhecer os desafios que eles enfrentam. “Os limites para os preços de retalho não devem ser múltiplos arbitrários dos limites dos preços de venda por atacado mas devem recuperar os custos de comercialização e atendimento aos clientes”, defende.
A votação de ideias para incluir na proposta está prevista para o final de fevereiro e a votação da proposta final, com as novas regras, deverá ocorrer no Parlamento Europeu dois meses depois.

Susana Machado

sábado, 18 de fevereiro de 2012

ACTA OU NÃO DESACTA
Máscaras brancas voltaram à rua, desta vez contra a ACTA (DR)
ALGUNS PAÍSES JÁ ASSINARAM O POLÉMICO DIPLOMA CONTRA A PIRATARIA INFORMÁTICA MAS A PRUDÊNCIA DE ALGUNS PODE LEVAR PARLAMENTO EUROPEU A REVER PROPOSTA

Um acordo internacional que visa criar um enquadramento legal comum para combater as violações de direito de autor na internet e as contrafacções não só está a levar milhares de pessoas a protestar como já cria divergências no seio da União Europeia.

O Anti-Counterfeiting Trade Agreement (ACTA), assinado por diversos países no mundo e a maioria dos países-membros da União não convence todos. Apesar de países como Estados Unidos, Canadá e Austrália já terem assinado a proposta, outros estão preocupados com as consequências que o acordo possa trazer.

Apesar de já ter sido assinado por 22 países europeus, à Alemanha e à Polónia, que já se tinham oposto à ratificação da ACTA, juntam-se agora os Países Baixos e a Bulgária. O ministro da economia búlgaro, Traicho Trakov, teme que a lei possa encorajar a vigilância da internet e limitar a liberdade de descarregar filmes e música. Mesma prudência tomou o Parlamento holandês que apoiou um apelo do partido da Esquerda Verde para que a assembleia não ratificasse de imediato o acordo.
Enquanto alguns estados se preparavam para assinar o documento durante o mês de Janeiro, no seio da União, as populações contra a medida não ficaram em casa e, depois dos protestos que durante meses marcaram posição contra o "um por cento", voltaram a descer para as ruas milhares de pessoas que temem a limitação da liberdade de expressão.

Máscaras brancas, famosas em manifestações de indignados e occupiers que percorreram o mundo, ganharam novo estandarte contra a medida ACTA. O grupo Anonymous, que apoiou as manifestações contra as classes políticas com acções concretas de pirataria na internet, já alertou para o "perigo" que o diploma representa.

As divergências no seio da União, apesar da maioria de assinaturas por parte dos países, chegou ao Parlamento Europeu e o próprio negociador da ACTA, demitiu-se do encargo por considerar que o diploma vai "longe de mais". Kader Arif, político francês e ex-membro do Parlamento, acredita que a medida ameaça a liberdade dos cibernautas.

A ser aprovado, o acordo pode levar a acusações criminais utilizadores que tenham música ou filmes descarregada ilegalmente. Arif apelou mesmo a que a população da União Europeia "demonstre interesse e preocupação quanto ao acordo" para criar "um debate público, que foi impossível até hoje".

Depois das discordâncias, o Parlamento Europeu pode estar mesmo confinado a uma revisão da proposta. Mas Arif acredita que "é impossível" esta revisão porque o debate entre os partidos representados no Parlamento terminou no passado dia 1 de Outubro.

"A Comissão Europeia negociou [o acordo] em nome da União Europeia, na base do mandato entregue pelos países-membros em 2007", explicou.

Os defensores da medida dizem que "se trata de atacar actividades ilegais a larga escala", como vem descrito no próprio documento.

Valerio Boto

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A BARONESA DESCONHECIDA
Ashton ocupa o cargo de Alto Representante da União
para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança (DR)
Catherine Ashton não prima pelo carisma. Figura mediana, cabelo curto castanho, olhos pequenos, nariz alongado – a britânica torna-se quase invisível quando se encontra junto de outros gigantes da Europa, como José Barroso, presidente da Comissão Europeia, ou Angela Merkel, chanceler alemã.
É a ela que cabe representar a União Europeia (UE) no exterior. Com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa em 2009 surgiu uma tentativa de reforço da diplomacia europeia no mundo. Foi criado o cargo de Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança de carácter permanente, atribuído a Ashton.
O nome é pomposo e a posição acarreta responsabilidade. A britânica é ainda vice-presidente da Comissão Europeia, mas nem por isso é mais reconhecida pelo público. Uma grande parte, senão mesmo a larga maioria, dos cidadãos europeus desconhece o seu papel. E, mesmo na esfera política, quando o foi apontada para o mais alto cargo diplomático da UE, muitos foram os que questionaram a sua capacidade, devido à sua fraca notabilidade no mundo dos Negócios Estrangeiros. Nos bastidores de Bruxelas, corria o rumor de que a posição lhe tinha sido atribuída para compensar o Reino Unido por, na mesma altura, o posto de presidente do Conselho Europeu ter calhado ao belga Herman Van Rompuy e não ao britânico Tony Blair, como tudo parecia indicar.

DE HUMILDE A BARONESA

No entanto, o currículo de Catherine Ashton não desilude. É membro do Partido Trabalhista britânico, fez parte do Conselho Privado da Rainha e assumiu cargos de responsabilidade nos departamentos da Educação e dos Assuntos Constitucionais. Conseguiu o título de Baronesa de Upholland através da Câmara dos Lordes, da qual veio a ser líder, dirigindo inclusive a posição deste grupo parlamentar nas negociações do Tratado de Lisboa. Esteve ainda à frente da pasta do comércio na Comissão Europeia.
Contudo, Catherine Ashton é oriunda de um meio humilde do norte de Inglaterra e conseguiu traçar o seu caminho ascendente através da força da vontade. Foi a primeira da família a obter um grau académico, de Sociologia, no Bedford College em Londres, em 1977.
Hoje em dia, é casada com Peter Kellner, presidente da organização YouGov. Tem dois filhos e três enteados.

NA SOMBRA DE TODOS OS OUTROS

Como Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, o trabalho de Catherine Ashton tem sido muitas vezes alvo de duras críticas. É constantemente acusada de ser uma sombra dos outros líderes europeus e ter uma posição pouco assertiva na representação da UE.
Em declarações ao diário ABC, o analista de política internacional José María de Areilza assinalava o constante fracasso da posição da Europa nas crises mundiais. Dando o exemplo da Primavera Árabe, lembrou a “crescente ineficácia da ação europeia, que assenta num poder de atração, ou soft power inútil, perante os massacres na Líbia, ou a guerra civil na Síria.” Em relação a Ashton, Areliza considera que a baronesa, atualmente, “bateu no fundo, algo que parecia difícil. E isso aconteceu porque negociou um acordo nos termos do qual a atuação das suas relações externas ficaria subordinada a autorizações burocráticas de três comissários que lhe fazem concorrência aberta no seio do executivo europeu.” De novo, Catherine Ashton a colocar-se atrás de todos os outros na UE.

Marta Velho

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

A CORRUPÇÃO E A EUROPA
(DR)

NÚMEROS E ESTATÍSTICAS

Acabam de ser reveladas as mais recentes estatísticas sobre a corrupção na União Europeia (UE). De acordo com o Eurobarómetro, três em cada quatro cidadãos europeus, ou seja 73%, acreditam que o fenómeno está presente nas instituições oficiais da UE. O valor sobe um pouco mais quando se fala a nível nacional: 79% julgam os serviços dos Estados-Membros como corruptos.
Mas os números não se ficam por aqui. Quase metade das pessoas inquiridas acredita que a situação ficou pior nos últimos três anos, sendo opinião da maioria (70%) que a corrupção é inevitável, sempre existiu e sempre existirá.
São resultados que surpreendem a Comissão Europeia (CE) que, nos últimos anos, se tem empenhado no desenvolvimento de um elaborado programa de transparência na UE. Os esforços foram, inclusive, intensificados em junho com o estabelecimento de um plano anticorrupção com objetivos elevados.
“A corrupção só pode ser combatida com êxito se houver vontade e empenho por parte dos líderes e dos órgãos de decisão a todos os níveis”, afirmou Cecilia Malmström, comissária europeia dos Assuntos Internos. “Constato com pesar que os resultados práticos da luta contra a corrupção na União Europeia continuam a ser insatisfatórios. Quantas vezes é preciso repetir que é urgente agir?”

A EUROPA E O MUNDO

De acordo com o relatório anual da organização Transparência Internacional, acerca da percepção da corrupção no mundo inteiro, em 2011, os Estados Membros da UE nem ficaram assim tão mal cotados. O documento avalia, numa escala de um a dez, o quanto os países são vistos como corruptos, sendo o zero atribuído quando a corrupção impera e dez onde existe o nível máximo de transparência.
A lista é liderada pela Nova Zelândia, com 9.5 valores. No fundo encontram-se, lado a lado, a Coreia do Norte e a Somália, ambos com apenas 1 ponto. A UE tem três países logo nos cinco primeiros postos. A Dinamarca e a Finlândia, que ocupam respetivamente o segundo e terceiro lugares, os dois com 9.4, seguidos de perto pela Suécia, com 9.3. Só dez Estados Membros têm menos de 5 valores, sendo o mais mal cotado a Roménia, com 3.3, seguindo-se logo a Grécia com 3.4.

CORRUPÇÃO À PORTUGUESA

Portugal ocupa a posição 32, na lista de 182 países – foi avaliado com 6.1 valores, atrás da Espanha, que tem 6.2, e à frente da Eslovénia, que tem 5.9.
Voltando aos resultados do Eurobarómetro, 68% dos portugueses acredita que a corrupção tem piorado ao longo dos últimos três anos e quase todos os inquiridos acreditam que o fenómeno é um dos maiores problemas do país. 

Marta Velho

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

BILHETES DE BAIXO CUSTO FAZEM PARTE DA ESTRATÉGIA DE GUIMARÃES 2012

A Capital Europeia da Cultura (CEC) adapta-se aos tempos difíceis com um preço máximo de 10 euros por bilhete

A cidade de Guimarães é, este ano, a par de Maribor, na Eslovénia, Capital Europeia da Cultura. Sob o lema “Tu Fazes Parte”, a programação cultural de Guimarães 2012 apela à participação dos cidadãos. E estes têm respondido em massa ao apelo, enchendo sobretudo as ruas, as casas e os locais públicos, em iniciativas de cariz popular. Milhares assistiram ao espetáculo de abertura, no recentemente renovado Largo do Toural, e quase uma centena de concertos gratuitos, espalhados por várias casas particulares do centro histórico vimaranense, atraíram habitantes locais e turistas na primeira semana do evento, que se pretende inclusivo.
O espetáculo de abertura (DR)
Dentro deste entendimento, a Fundação Cidade de Guimarães criou o Cartão Guimarães 2012 que garante um desconto de 50 por cento nos espetáculos da Capital Europeia da Cultura, e propõe uma bilheteira inclusiva com bilhetes que não ascenderão os 10 euros.
O programa também tem em conta os limites orçamentais impostos pelo clima de crise económica, e aposta sobretudo na prata da casa, com as residências e associações locais a servirem de palco a vários espetáculos. A verba disponível para a programação era de 25 milhões de euros (o orçamento global supera os 111 milhões, 70 dos quais destinados a infraestruturas), mas os cortes na contrapartida nacional reduziram-na para cerca de 21 milhões.
Assim sendo, uma das novidades de última hora anunciadas pela organização da CEC – e que não consta da agenda de programação – é o concerto gratuito do guitarrista americano Pat Metheny, no dia 21 de julho. Destaque ainda para o espetáculo “City Maquette”, da coreógrafa francesa Mathilde Monnier que, nos dias 16 e 17 de maio, vai contar a história de Guimarães através da participação dos próprios vimaranenses. Dois dias depois, a cidade exibe o trabalho do aclamado Emerson String Quartet que, com mais de 30 anos de carreira e nove grammys pelo melhor álbum de repertório clássico, se transformou numa presença incontornável no universo dos agrupamentos musicais.

SALÁRIOS ESCANDALOSOS E FALTA DE ENVOLVIMENTO DE TERRAS VIZINHAS GERAM POLÉMICA

O primeiro traço da Capital Europeia da Cultura, Guimarães 2012, foi desenhado há 6 anos atrás com Isabel Pires de Lima, à data ministra da Cultura, a declarar que a cidade reunia "todas as características para acolher um evento como a Capital Europeia da Cultura”, que no ano passado conheceu linhas marcadas pelo desentendimento entre a autarquia e a Fundação Cidade de Guimarães. Em cima da mesa estava a questão dos salários do Conselho de Administração, considerados “escandalosos”. Os salários sofreram uma redução de 30 por cento, mas continuam até hoje a ser alvo de polémica, uma questão "folclórica" para o autarca António Magalhães que, entretanto, anunciou a antecipação do fim da Fundação de 2015 para 2013.
Assim, a demissão da presidente da Fundação, Cristina Azevedo, em julho de 2011, foi o culminar do processo de deterioração da relação entre a instituição e a Câmara de Guimarães. João Bonifácio Serra, até então vice-presidente, foi então nomeado presidente da Fundação Cidade de Guimarães.
Além desta situação, a dez dias do início oficial do evento, os municípios vizinhos sentiam-se à margem do projeto. A Fundação Cidade de Guimarães admite que na programação do primeiro semestre não os levou em conta e promete emendar a situação.

Susana Machado

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

ONDE ESTÁ O AMOR?
(DR)
A prova de que o amor pode não estar ao virar da esquina é que, no coração da Europa, o qUE conheceu dois corações de diferentes Estados-Membros que se uniram na capital da União Europeia há seis anos atrás.
A história é simples e, por certo, comum a tantas outras, mas foi à conversa com eles que aceitámos celebrar o amor europeu neste dia de São Valentim.

(DES)ENCONTROS

Para todos os expatriados em Bruxelas, uma das coisas mais dificeis é mesmo conhecer belgas. As culturas são mais que muitas, as instituições europeias estão cheias de todas as nacionalidades possíveis e imagináveis, e a maioria dos belgas opta por morar fora da capital.
Estávamos em 2005. Em Bruxelas há cerca de um ano, Delphine (29) começava a carreira profissional numa empresa lobista na cidade. Na tentativa de uma aproximação à realidade belga, e para sair um pouco da European bubble (expressão muito usada por quem vive no mundo das instituições europeias e empresas satélite, em Bruxelas), decidiu ir a um dos bares mais conhecidos da zona e que é frequentado maioritariamente por... belgas, o Parc Savoy.
O que Delphine não sabia, é que naquela noite não era por um belga que se iria apaixonar, mas sim por um português.
O Bruno (31) é consultor financeiro, e tinha acabado de chegar à capital europeia há pouco mais de um mês para um intercâmbio profissional que iria durar somente dois anos. Quis o destino, que na procura de diversão, se encontrassem um ao outro.
A leveza com que levaram a relação nos primeiros tempos não fazia de todo prever que fossem ficar juntos até hoje. Mas o tempo passa e o coração vai pregando das suas.   

(IN)DIFERENÇAS

Juntos há seis anos, optaram por viver e partilhar casa há três. Quando questionados sobre as diferenças culturais, Bruno confessa não saber até que ponto deixam de ser culturais e passam a ser de carácter, mas confessa:  “Os pais da Delphine abrem uma garrafa de champanhe de cada vez que vou lá a casa. Ao princípio pensava que fosse por gostarem de me ver, mas depois comecei a perceber que o fazem sempre que têm visitas. Em Portugal, abre-se uma garrafa de champanhe numa ocasião especial”.
Para Delphine o mais difícil é mesmo o facto de ainda não dominar o português. “Um entrave” à comunicação com os pais do Bruno, quando de visita a Portugal, ou mesmo entre amigos, apesar de a maioria dos amigos dele falar perfeitamente inglês e francês.
Volvidos estes anos todos, optaram por ainda não apresentar as respectivas famílias uma à outra.  “O Natal é passado em separado” avança Bruno. “Talvez quando tivermos filhos tenha de ser diferente, mas para já é assim”.

Rafaela Grácio

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

TRAGÉDIA GREGA?

NOVO PACOTE DE AUSTERIDADE APROVADO

Parlamento grego aprova novas medidas de austeridade (DR)
Foi uma noite agitada. Num Parlamento com lugar para 300 deputados, só 278 estavam presentes. Desses, 199 votaram a favor e 74 contra. Novas medidas de austeridade foram aprovadas na Grécia.
Mas não sem alguma polémica envolvida: 43 parlamentares, que alinhavam pelos partidos da coligação que está atualmente no Governo, acabaram por ser expulsos por não respeitarem a disciplina de voto partidária requerida e se terem oposto ao pacote apresentado.
Para os gregos esperam-se agora tempos ainda mais difíceis: prevê-se uma redução de 22% do salário mínimo e uma queda acentuada dos ordenados no sector privado, menos investimento e mais despedimentos. As pensões de reforma e as complementares também levarão cortes e cerca de 15.000 funcionários públicos serão colocados este ano numa reserva de trabalho, pagos a 60% do vencimento-base, antes de serem despedidos um a dois anos depois. Magistrados, polícias e outros profissionais de serviço público especial vão ter cortes de 10% nos salários e os médicos serão reduzidos nas horas extraordinárias e nas despesas com medicamentos. Foi elaborado um novo plano anticorrupção e também novas metas de privatização das empresas estatais. As medidas abrangem ainda restrições nas despesas militares e nas eleições.
O objetivo é poupar os cerca de  300 milhões de euros anuais que o país precisa para receber uma nova tranche de ajuda internacional de, pelo menos, 130 mil milhões de euros, que vão ajudar a salvar o Estado grego da bancarrota.

UM PAÍS A ARDER

O povo grego manifesta-se contra novo apertar do cinto (DR)
Nas largas horas em que os decisores políticos estiveram trancados no Parlamento a decidir a votação do novo pacote de austeridade, a Grécia era consumida por chamas de protesto. Cansados de dois anos a apertar o cinto, os gregos manifestaram-se de forma violenta um pouco por todo o país.
As autoridades policiais registaram 80 mil manifestantes na capital e 20 mil em Salónica, onde seis agências bancárias foram atacadas. Em Atenas havia cerca de 40 incêndios ativos e o Ministério da Saúde contabilizava 54 feridos.
Cinemas, cafés e lojas também não escaparam da fúria da multidão, repleta de manifestantes de máscaras negras a lutar contra a polícia, em frente à Assembleia. A televisão estatal indicava que a violência se tinha alastrado também às ilhas turísticas de Corfu e Creta.

RISCO DE FALÊNCIA

Os acontecimentos precipitaram-se na quinta-feira passada, na reunião do Eurogrupo. Os chefes de Estados dos países da moeda única disseram “Basta!” ao governo grego e, depois de muitas negociações, estabeleceram o dia 15 de Fevereiro como data limite para o executivo da Grécia aprovar um novo plano de poupança, que lhe permitisse receber mais dinheiro internacional. Após essa data, tornar-se-ia inevitável uma falência desordenada do país e perigosa para toda a zona euro.
Desde 2009, que a Grécia quase se tornou no filho bastardo da União Europeia, vista como uma nação que aldraba as contas e não consegue poupar. Com o risco de a crise  se alargar aos restantes Estados Membros sempre no horizonte, o país foi pressionado a atirar-se para medidas de austeridade confusas e pouco coordenadas. E como os resultados tardam em se tornar palpáveis, a opção de os gregos abandonarem o Euro deixou de ser tabu e a bancarrota tem-se tornado no cenário cada vez mais previsível.

O QUE AINDA ESTÁ PARA VIR

Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo (DR)
Na próxima quarta-feira, dia 15, os líderes do Eurogrupo voltam a reunir-se para decidir se o pacote agora aprovado é suficiente para que a Grécia receba os 130 mil milhões de euros de ajuda internacional.
Mas este não é o fim da linha. Muitos outros prazos precisam ainda de ser cumpridos este ano e esperam-se mais sacrifícios do povo grego, que ainda terá que enfrentar eleições em Abril. Tudo em nome do equilibrar das contas e da manutenção do Euro como moeda única.
No final do encontro do dia 9 de Fevereiro, Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo afirmava que não haveria desembolso sem implementação. “Nós estamos plenamente conscientes dos grandes esforços feitos pelos cidadãos gregos, mas também sublinhamos que mais será necessário para fazer a Grécia voltar ao caminho da sustentabilidade e do crescimento.”

Marta Velho

domingo, 12 de fevereiro de 2012

MONARQUIAS EUROPEIAS
Da Suécia, princesa Vitória e Rei Carlos XVI Gustavo (DR)
O qUE também gosta de uma boa história real. Quantos reis? Quantas rainhas? Quantos príncipes e princesas? Quantas traições? Quantos escândalos? Quantos filhos bastardos?
A verdade é que, tirando os reis de Espanha e a Casa Real inglesa, a maioria dos portugueses conhece pouco ou nada da monarquia europeia e desta gente de sangue azul.
À partida, os títulos colocam-nos numa posição de superioridade, mas será mesmo assim?
Comecemos então por conhecer os países da Europa unida que têm um rei ou uma rainha, e quem são eles:

Bélgica – Rei Alberto II
Dinamarca –  Rainha Margarida II
Luxemburgo (Grão-Ducado) – Grão-duque Henrique
Holanda – Rainha Beatriz
Espanha – Rei Juan Carlos I
Suécia – Rei Carlos XVI Gustavo
Reino Unido e Irlanda do Norte – Rainha Isabel II

Há ainda os principados de Andorra, do Liechtenstein e o Estado da Cidade do Vaticano, mas estes ficarão para outras núpcias.

A FAMÍLIA REAL EUROPEIA EM NÚMEROS

Temos, então, sete monarquias governadas por três reis, três rainhas e um grão-duque. Analisando a descendência legítima, contabilizamos vinte e três príncipes e princesas na corrida aos tronos, estando apenas uma princesa na sucessão directa para rainha: a bela Vitória da Suécia. Ora vejamos:

Bélgica – Rei Alberto II (Príncipe Filipe; Princesa Astrid; Príncipe Lourenço)
Dinamarca –  Rainha Margarida II (Príncipe Frederico; Príncipe Joaquim)
Luxemburgo (Grão-Ducado) – Grão-duque Henrique (Príncipe Guilherme; Príncipe Félix; Príncipe Luís; Princesa Alexandra; Príncipe Sebastião)
Holanda – Rainha Beatriz (Príncipe Guilherme Alexandre; Príncipe João Friso; Príncipe Constantino)
Espanha – Rei Juan Carlos I (Infanta Helena; Infanta Cristina; Príncipe Felipe)
Suécia – Rei Carlos XVI Gustavo (Princesa Vitória; Príncipe Carlos Filipe; Princesa Madalena)
Reino Unido  e Irlanda do Norte – Rainha Isabel II (Príncipe Carlos; Princesa Ana; Príncipe André; Príncipe Eduardo)

VITÓRIA DA SUÉCIA… E DE PORTUGAL (UM BOCADINHO)

O que a maioria dos nossos leitores não sabe é que a única princesa na sucessão directa a um trono europeu, tem sangue português a correr-lhe nas veias. Vitória da Suécia é neta de avó brasileira, que por sua vez é filha de um descendente directo do rei Afonso III de Portugal. O qUE não faz ideia se Vitória fala português, mas prometemos averiguar.

Rafaela Grácio

sábado, 11 de fevereiro de 2012

FARAGE, DO OUTRO LADO DA EUROPA

O PARLAMENTO EUROPEU TAMBÉM É MORADA DE POLÉMICAS E, NOS ÚLTIMOS ANOS, NIGEL FARAGE TEM SIDO UM DOS PRINCIPAIS ATORES

Farage acredita que o projeto europeu "vai falhar". (DR)
Há um parlamento em Bruxelas que é uma das instituições pilares do projeto europeu, mas não só de defensores da União é constituído. É o caso do eurodeputado Nigel Farage que lidera o movimento eurocético da direita europeia materializado no UK Independence Party (UKIP) e representado no Parlamento Europeu pelo Europe of Freedom and Democracy.
Farage não poupa duras críticas aos outros partidos europeístas e aos eurocratas da assembleia . Com o advento da crise que envolve a União Europeia, ganhou um novo foco de ataque e uma nova visibilidade.

Foi com a frase "quem diabo pensam que são?" que Nigel Farage deixou clara, em novembro de 2010, a sua linha de diálogo político no Parlamento Europeu (PE). Com esta pergunta dirigiu-se ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e ao comissário europeu dos Assuntos Económicos acusando-os de dissuadir referendos em matérias europeias no seio das democracias da União e de serem "pessoas de facto perigosas".

"A vossa obsessão em criar este estado Europeu significa que estão satisfeitos em destruir a democracia. Parecem felizes que milhões e milhões de pessoas estejam desempregadas e pobres. Incontáveis milhões têm que sofrer para que o vosso sonho europeu possa continuar", atirou durante a mesma sessão parlamentar.

Certo para Nigel Farage é que o projeto europeu vai falhar. Depois da "tragédia grega" e do susto irlandês, o líder do UKIP já preconizava o problema português e suspeita que "a Espanha é a próxima". As dívidas dos países europeus preocupa o eurodeputado que teme o fim da reservas para a ajuda financeira de que Portugal foi exemplo.

"Não vai funcionar. O resgate à Espanha seria sete vezes superior ao da Irlanda e quando todo o dinheiro do resgate acabar, não vai haver mais", resumiu.

Os problemas para a Europa não são apenas de caráter económico, garante Farage. "São ainda mais sérios", disse ao Parlamento. O eurocético acredita mesmo que o projeto europeu "rouba" a identidade das populações e a e a sua democracia, deixando-lhes apenas "o nacionalismo e a violência".

"Posso só esperar e rezar que o projeto europeu seja destruído pelos mercados antes que tal aconteça", declarou.

Mas o líderes europeus na mira de Farage são vários e personalidades como o português José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, ou a chanceler alemã Angela Merkel, também não escaparam a duras críticas e, em alguns casos, a ações concretas.

Em 2005, Barroso chegou mesmo a ser alvo de uma moção de censura da parte de Farage depois de uma polémica em torno das despesas para férias dos comissários europeus. A moção apresentada por Farage, apesar de inconsequente em termos de representação e liderança parlamentar, obrigou Durão Barroso a prestar declarações frente ao PE.

ATAQUE AOS "EURO-NACIONALISTAS" 

No início de fevereiro, Farage voltou a estar no centro das atenções quando abandonou o parlamento em plena sessão. Nigel Farage foi interrompido a meio do discurso por Martin Schulz, presidente do PE, quando o eurodeputado comparava as propostas do ministro das Finanças alemão às de um "gauleiter", líder regional do partido nazi durante a ditadura de Hitler.

Durante a sessão, Farage ainda foi a tempo de defender que, depois da ajuda financeira e com o plano proposto pela Alemanha para controlar a sua despesa pública, a Grécia é praticamente uma "colónia" da União Europeia.

A hegemonia franco-alemã nas decisões da União Europeia é atualmente uma das polémicas políticas mais discutidas na generalidade dos países-membros. À frente do seu tempo, Nigel Farage, já tinha alertado para o fenómeno durante o mandato da Alemanha na presidência da União Europeia, chegando a caracterizá-lo de "euro-nacionalismo".

Já em 2007, no centro do ataque do eurodeputado britânico estava a chanceler alemã Angela Merkel, líder do governo alemão que iniciava o mandato de uma "desonesta e francamente perigosa" presidência da Alemanha na União Europeia.

Valerio Boto

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

IRÃO: PERGUNTAS E RESPOSTAS

Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irão (DR)

PORQUE É QUE O OCIDENTE PRECISA DE CONTROLAR O GIGANTE DO MÉDIO ORIENTE? 


O Irão não é um país fácil de entender, muito menos à luz duma mentalidade ocidental.
Poucos, a Oriente ou Ocidente, são aqueles que estabelecem relações amigáveis com a antiga Pérsia com base na confiança. O caso do seu programa nuclear é revelador disso mesmo. 
No final dos anos 70, uma grande revolução teve lugar no país dos Persas, que se estabeleceu como república islâmica, ou seja, um sistema baseado em leis conservadoras inspiradas no Corão e com o controle político nas mãos do clero. Dada a distância ao nosso ideal de democracia, não será de estranhar que as relações não sejam fáceis. Pior ficou após os Estados Unidos da América terem apelidado o Irão de “Eixo do Mal”. 
Mas esta nação não pode ser ignorada, quanto mais não seja por uma questão estratégica. É um importante país do Médio Oriente, geograficamente posicionado entre vizinhos como o Afeganistão, Paquistão, Iraque, Turquia ou o Golfo Pérsico, entre outros. Tem um poderio económico crescente e acesso fácil a um recurso especialmente importante para a Europa: energia! Na verdade, o Irão é o segundo maior produtor de petróleo do mundo e um em cada cinco barris de petróleo consumidos na Europa são comprados a este país. 
E é precisamente um recurso energético que tem trazido as relações Irão-Ocidente para as páginas dos jornais: energia nuclear. 


O PROBLEMA É A ENERGIA NUCLEAR OU O QUE SE FAZ COM ELA? 


O Irão é um dos 189 países do mundo assinantes do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o qual establece que apenas as nações que explodiram a bomba atómica antes de 1967 têm direito de possuir esse tipo de armamento. Ou seja, estamos a falar dos EUA, Russia, Reino Unido, França e China. As restantes nações que assinaram o Tratado comprometem-se a não produzir tais armas, podendo desenvolver tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos. Ainda assim, estes projetos devem ser avaliados pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). Caso exista alguma suspeita sobre o fim concreto de algum projeto, a responsablidade de análise passa para o Conselho de Segurança da ONU. 
Ora, o Irão tem um programa nuclear em andamento desde 1950, com o objetivo de gerar eletricidade. Pelo menos, é isso que os lideres persas afirmam...o problema é que já poucos acreditam assim seja! 
Efetivamente, o programa tem sido alvo de muita controversia, especialmente após 2003, com o Irão a ser acusado de violar o acordo vezes sem conta devido a enriquecimento de urânio. O país foi alvo de três resoluções de sanções por parte do Conselho de Segurança da ONU. O papel da União Europeia tem sido sempre o de mediador, oferencendo alguns beneficios ao Irão em troca da suspensão de atividades, mas a cada acordo alcançado, os Persas tendem a voltar atrás, continuando e expandido a atividade, e limitando o acesso da AIEA às suas instalações. 
Um novo episódio aconteceu em novembro 2011: um relatório da AIEA revelou informações sugestivas de que o Irão estaria a proceder testes a materiais nucleares explosivos. Desde então, os lideres mundiais têm discutido a possibilidade de aplicar novas sanções. 
Na UN ainda não foi possível chegar a consenso uma vez que a China e a Russia não estão de acordo, e estes dois gigantes têm direito de veto naquele organismo. No entanto, em janeiro de 2012 os Estados Unidos aplicaram novas sanções contra o setor financeiro iraniano, provocando uma queda histórica na moeda iraniana. Também os lideres europeus acordaram num embargo ao petróleo iraniano com efeitos a partir de julho 2012, o que significa que apesar de serem proibidos novos contratos, aqueles realizados antes 1 de julho permanecem válidos.
O Irão já respondeu com um plano para banir a exportação de crude para países europeus mesmo antes do embargo entrar em vigor. 
Entretanto, esta situação gerou um substancial aumento do preço do petróleo, susceptível de afetar principalmente e em maior extensão a população iraniana, deixando por isso gropos vulneráveis em condições ainda mais precárias.  


PARAMOS O IRÃO OU ISRAEL? 


Para a UE e os EUA a urgência em assegurar que o Irão não desenvolva uma bomba nuclear passa também pela essência da relação pouco amigável dos Persas com Israel. Este último não é assinante do TNP mas existem suspeitas de que também insista no enriquecimento de urânio. Uma guerra entre entre dois países não significa apenas destabilizar ainda mais o Médio Oriente, mas também um conflito com consequências imprevisíveis já que ninguém sabe ao certo com que tipo de armamento contam estas duas nações.  
É certo que o Irão parece preparado para o pior. desde o anúncio das sanções americanas, a antiga Pérsia já testou três mísseis durante um exercício naval no estreito de Ormuz. 
É expectável que, nos próximos meses, cada passo do Irão e Israel sejam, por isso, minuciosamente monitorizados e, eventualmente, negociados. No entanto, algo parece já certo: após as últimas sanções, a diplomacia da comunidade internacional terá de recorrer às suas melhores cartas para obter um compromisso por parte do Irão.


Raquel Petra Lopes