Henry Kissinger (DR) |
VÁRIAS
VOZES NUMA VOZ
Ao
longo da história da UE, várias vezes foi levantada a questão da necessidade da
existência de um presidente, que pudesse ser a voz de todos os cidadãos
europeus. Para Shada Islam, chefe do gabinete político da organização Amigos da
Europa, a ideia de concentrar numa só pessoa a representação e as decisões da Europa
seria muito útil. Mas é também pouco realista. “As estruturas atuais da UE não
o permitem. Temos 27 Estados-membros que até conseguem ser unidos e tomar
decisões conjuntas mas que têm também os seus vários interesses nacionais a
jogar uns contra os outros. Há que ser prático e, por isso, deixar os vários
organismos existentes repartirem entre eles a representação e as decisões europeias.”
O
SONHO DO TRATADO DE LISBOA
Herman Van Rompuy e José Barroso (DR) |
No entanto, não é óbvio que Van Rompuy ocupe o cargo mais alto da UE. Lorenzo Consoli, antigo presidente da Associação da Imprensa Internacional de Bruxelas, acredita que o presidente do Conselho Europeu se encontra lado a lado com José Barroso, presidente da Comissão Europeia. “São os dois gigantes da Europa. Nem sempre concordam em tudo mas é bom para a democracia haver ideias diferentes. E os seus papéis também não são os mesmos. Barroso representa o ideal da União e defende os interesses comunitários, Van Rompuy acaba por ser o executor das ideias dos Estados-membros, como potências nacionais.”
A
FORÇA DE MERKEL
E é
inegável que há países que falam mais alto que outros. A força da vontade de
estados como a Alemanha tem sido evidente ao longo dos últimos tempos. O que
não quer dizer que estas nações consigam decidir sozinhas os destinos da UE.
Para Peter O’Donnell, editor do semanário European Voice, tudo depende das
várias épocas que a Europa atravessa. “A Alemanha sempre foi influente, mas
modesta nas atitudes em relação à União. O que mudou agora foi o facto de
estarmos a atravessar uma crise económica. Angela Merkel vê-se obrigada de
defender os interesses do seu país, que sente estarem risco. Mas se alguém perguntar o que quer que fosse só a ela, essa pessoa arrisca-se a ter apenas a
opinião da Alemanha e não a de todos os países da UE.”
UM
TELEFONEMA APENAS
E na
verdade, se só se pudesse fazer um telefonema para a Europa, a chanceler alemã
dificilmente estaria na primeira opção. Shada Islam e Josef Janning não
hesitariam em ligar para Van Rompuy que consideram ser o conciliador das várias
opiniões europeias. Lorenzo Consoli optaria por Barroso porque acredita que
está na altura de o presidente da Comissão falar mais alto pelos interesses
europeus. Já Peter O’Donnell ia preferir abster-se de escolher. “Eu não ligava
a ninguém. Guardava o dinheiro do telefonema e ia beber uma cerveja.”
Marta Velho
Marta Velho
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