sábado, 11 de fevereiro de 2012

FARAGE, DO OUTRO LADO DA EUROPA

O PARLAMENTO EUROPEU TAMBÉM É MORADA DE POLÉMICAS E, NOS ÚLTIMOS ANOS, NIGEL FARAGE TEM SIDO UM DOS PRINCIPAIS ATORES

Farage acredita que o projeto europeu "vai falhar". (DR)
Há um parlamento em Bruxelas que é uma das instituições pilares do projeto europeu, mas não só de defensores da União é constituído. É o caso do eurodeputado Nigel Farage que lidera o movimento eurocético da direita europeia materializado no UK Independence Party (UKIP) e representado no Parlamento Europeu pelo Europe of Freedom and Democracy.
Farage não poupa duras críticas aos outros partidos europeístas e aos eurocratas da assembleia . Com o advento da crise que envolve a União Europeia, ganhou um novo foco de ataque e uma nova visibilidade.

Foi com a frase "quem diabo pensam que são?" que Nigel Farage deixou clara, em novembro de 2010, a sua linha de diálogo político no Parlamento Europeu (PE). Com esta pergunta dirigiu-se ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e ao comissário europeu dos Assuntos Económicos acusando-os de dissuadir referendos em matérias europeias no seio das democracias da União e de serem "pessoas de facto perigosas".

"A vossa obsessão em criar este estado Europeu significa que estão satisfeitos em destruir a democracia. Parecem felizes que milhões e milhões de pessoas estejam desempregadas e pobres. Incontáveis milhões têm que sofrer para que o vosso sonho europeu possa continuar", atirou durante a mesma sessão parlamentar.

Certo para Nigel Farage é que o projeto europeu vai falhar. Depois da "tragédia grega" e do susto irlandês, o líder do UKIP já preconizava o problema português e suspeita que "a Espanha é a próxima". As dívidas dos países europeus preocupa o eurodeputado que teme o fim da reservas para a ajuda financeira de que Portugal foi exemplo.

"Não vai funcionar. O resgate à Espanha seria sete vezes superior ao da Irlanda e quando todo o dinheiro do resgate acabar, não vai haver mais", resumiu.

Os problemas para a Europa não são apenas de caráter económico, garante Farage. "São ainda mais sérios", disse ao Parlamento. O eurocético acredita mesmo que o projeto europeu "rouba" a identidade das populações e a e a sua democracia, deixando-lhes apenas "o nacionalismo e a violência".

"Posso só esperar e rezar que o projeto europeu seja destruído pelos mercados antes que tal aconteça", declarou.

Mas o líderes europeus na mira de Farage são vários e personalidades como o português José Manuel Barroso, presidente da Comissão Europeia, ou a chanceler alemã Angela Merkel, também não escaparam a duras críticas e, em alguns casos, a ações concretas.

Em 2005, Barroso chegou mesmo a ser alvo de uma moção de censura da parte de Farage depois de uma polémica em torno das despesas para férias dos comissários europeus. A moção apresentada por Farage, apesar de inconsequente em termos de representação e liderança parlamentar, obrigou Durão Barroso a prestar declarações frente ao PE.

ATAQUE AOS "EURO-NACIONALISTAS" 

No início de fevereiro, Farage voltou a estar no centro das atenções quando abandonou o parlamento em plena sessão. Nigel Farage foi interrompido a meio do discurso por Martin Schulz, presidente do PE, quando o eurodeputado comparava as propostas do ministro das Finanças alemão às de um "gauleiter", líder regional do partido nazi durante a ditadura de Hitler.

Durante a sessão, Farage ainda foi a tempo de defender que, depois da ajuda financeira e com o plano proposto pela Alemanha para controlar a sua despesa pública, a Grécia é praticamente uma "colónia" da União Europeia.

A hegemonia franco-alemã nas decisões da União Europeia é atualmente uma das polémicas políticas mais discutidas na generalidade dos países-membros. À frente do seu tempo, Nigel Farage, já tinha alertado para o fenómeno durante o mandato da Alemanha na presidência da União Europeia, chegando a caracterizá-lo de "euro-nacionalismo".

Já em 2007, no centro do ataque do eurodeputado britânico estava a chanceler alemã Angela Merkel, líder do governo alemão que iniciava o mandato de uma "desonesta e francamente perigosa" presidência da Alemanha na União Europeia.

Valerio Boto

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