O PARLAMENTO EUROPEU TAMBÉM É MORADA DE POLÉMICAS E, NOS
ÚLTIMOS ANOS, NIGEL FARAGE TEM SIDO UM DOS PRINCIPAIS ATORES
Farage acredita que o projeto europeu "vai falhar". (DR) |
Há um parlamento em Bruxelas que é uma das instituições pilares
do projeto europeu, mas não só de defensores da União é constituído. É o caso
do eurodeputado Nigel Farage que lidera o movimento eurocético da direita
europeia materializado no UK Independence Party (UKIP) e representado no
Parlamento Europeu pelo Europe of Freedom and Democracy.
Farage não poupa duras críticas aos outros partidos europeístas
e aos eurocratas da assembleia . Com o advento da crise que envolve a União
Europeia, ganhou um novo foco de ataque e uma nova visibilidade.
Foi com a frase "quem diabo pensam que são?" que
Nigel Farage deixou clara, em novembro de 2010, a sua linha de diálogo político
no Parlamento Europeu (PE). Com esta pergunta dirigiu-se ao presidente do
Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e ao comissário europeu dos Assuntos
Económicos acusando-os de dissuadir referendos em matérias europeias no seio
das democracias da União e de serem "pessoas de facto perigosas".
"A vossa obsessão em criar este estado Europeu significa
que estão satisfeitos em destruir a democracia. Parecem felizes que milhões e
milhões de pessoas estejam desempregadas e pobres. Incontáveis milhões têm que
sofrer para que o vosso sonho europeu possa continuar", atirou durante a
mesma sessão parlamentar.
Certo para Nigel Farage é que o projeto europeu vai falhar.
Depois da "tragédia grega" e do susto irlandês, o líder do UKIP já
preconizava o problema português e suspeita que "a Espanha é a
próxima". As dívidas dos países europeus preocupa o eurodeputado que teme
o fim da reservas para a ajuda financeira de que Portugal foi exemplo.
"Não vai funcionar. O resgate à Espanha seria sete vezes
superior ao da Irlanda e quando todo o dinheiro do resgate acabar, não vai
haver mais", resumiu.
Os problemas para a Europa não são apenas de caráter económico,
garante Farage. "São ainda mais sérios", disse ao Parlamento. O
eurocético acredita mesmo que o projeto europeu "rouba" a identidade
das populações e a e a sua democracia, deixando-lhes apenas "o
nacionalismo e a violência".
"Posso só esperar e rezar que o projeto europeu seja
destruído pelos mercados antes que tal aconteça", declarou.
Mas o líderes europeus na mira de Farage são vários e
personalidades como o português José Manuel Barroso, presidente da Comissão
Europeia, ou a chanceler alemã Angela Merkel, também não escaparam a duras
críticas e, em alguns casos, a ações concretas.
Em 2005, Barroso chegou mesmo a ser alvo de uma moção de
censura da parte de Farage depois de uma polémica em torno das despesas para
férias dos comissários europeus. A moção apresentada por Farage, apesar de
inconsequente em termos de representação e liderança parlamentar, obrigou Durão
Barroso a prestar declarações frente ao PE.
ATAQUE AOS "EURO-NACIONALISTAS"
No início de fevereiro, Farage voltou a estar no centro das
atenções quando abandonou o parlamento em plena sessão. Nigel Farage foi
interrompido a meio do discurso por Martin Schulz, presidente do PE, quando o
eurodeputado comparava as propostas do ministro das Finanças alemão às de um
"gauleiter", líder regional do partido nazi durante a ditadura de Hitler.
Durante a sessão, Farage ainda foi a tempo de defender que,
depois da ajuda financeira e com o plano proposto pela Alemanha para controlar
a sua despesa pública, a Grécia é praticamente uma "colónia" da União
Europeia.
A hegemonia franco-alemã nas decisões da União Europeia é atualmente
uma das polémicas políticas mais discutidas na generalidade dos países-membros.
À frente do seu tempo, Nigel Farage, já tinha alertado para o fenómeno durante
o mandato da Alemanha na presidência da União Europeia, chegando a caracterizá-lo
de "euro-nacionalismo".
Já em 2007, no centro do ataque do eurodeputado britânico
estava a chanceler alemã Angela Merkel, líder do governo alemão que iniciava o
mandato de uma "desonesta e francamente perigosa" presidência da
Alemanha na União Europeia.
Valerio Boto
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