A Capital Europeia da
Cultura (CEC) adapta-se aos tempos difíceis com um preço máximo de 10 euros por
bilhete
A cidade de Guimarães é, este
ano, a par de Maribor, na Eslovénia, Capital Europeia da Cultura. Sob o lema
“Tu Fazes Parte”, a programação cultural de Guimarães 2012 apela à participação
dos cidadãos. E estes têm respondido em massa ao apelo, enchendo sobretudo as
ruas, as casas e os locais públicos, em iniciativas de cariz popular. Milhares
assistiram ao espetáculo de abertura, no recentemente renovado Largo do Toural,
e quase uma centena de concertos gratuitos, espalhados por várias casas
particulares do centro histórico vimaranense, atraíram habitantes locais e
turistas na primeira semana do evento, que se pretende inclusivo.
O espetáculo de abertura (DR) |
Dentro deste entendimento, a
Fundação Cidade de Guimarães criou o Cartão Guimarães 2012 que garante um
desconto de 50 por cento nos espetáculos da Capital Europeia da Cultura, e propõe
uma bilheteira inclusiva com bilhetes que não ascenderão os 10 euros.
O programa também tem em conta os
limites orçamentais impostos pelo clima de crise económica, e aposta sobretudo
na prata da casa, com as residências e associações locais a servirem de palco a
vários espetáculos. A verba disponível para a programação era de 25 milhões de
euros (o orçamento global supera os 111 milhões, 70 dos quais destinados a
infraestruturas), mas os cortes na contrapartida nacional reduziram-na para
cerca de 21 milhões.
Assim sendo, uma das novidades de
última hora anunciadas pela organização da CEC – e que não consta da agenda de
programação – é o concerto gratuito do guitarrista americano Pat Metheny, no
dia 21 de julho. Destaque ainda para o espetáculo “City Maquette”, da
coreógrafa francesa Mathilde Monnier que, nos dias 16 e 17 de maio, vai contar
a história de Guimarães através da participação dos próprios vimaranenses. Dois
dias depois, a cidade exibe o trabalho do aclamado Emerson String Quartet que,
com mais de 30 anos de carreira e nove grammys pelo melhor álbum de repertório
clássico, se transformou numa presença incontornável no universo dos
agrupamentos musicais.
SALÁRIOS ESCANDALOSOS E FALTA DE ENVOLVIMENTO DE TERRAS VIZINHAS GERAM
POLÉMICA
O primeiro traço da Capital
Europeia da Cultura, Guimarães 2012, foi desenhado há 6 anos atrás com Isabel
Pires de Lima, à data ministra da Cultura, a declarar que a cidade reunia
"todas as características para acolher um evento como a Capital Europeia
da Cultura”, que no ano passado conheceu linhas marcadas pelo desentendimento
entre a autarquia e a Fundação Cidade de Guimarães. Em cima da mesa estava a
questão dos salários do Conselho de Administração, considerados “escandalosos”.
Os salários sofreram uma redução de 30 por cento, mas continuam até hoje a ser
alvo de polémica, uma questão "folclórica" para o autarca António
Magalhães que, entretanto, anunciou a antecipação do fim da Fundação de 2015
para 2013.
Assim, a demissão da presidente
da Fundação, Cristina Azevedo, em julho de 2011, foi o culminar do processo de
deterioração da relação entre a instituição e a Câmara de Guimarães. João
Bonifácio Serra, até então vice-presidente, foi então nomeado presidente da
Fundação Cidade de Guimarães.
Além desta situação, a dez dias
do início oficial do evento, os municípios vizinhos sentiam-se à margem do
projeto. A Fundação Cidade de Guimarães admite que na programação do primeiro
semestre não os levou em conta e promete emendar a situação.
Susana Machado
Sem comentários:
Enviar um comentário