segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

TRAGÉDIA GREGA?

NOVO PACOTE DE AUSTERIDADE APROVADO

Parlamento grego aprova novas medidas de austeridade (DR)
Foi uma noite agitada. Num Parlamento com lugar para 300 deputados, só 278 estavam presentes. Desses, 199 votaram a favor e 74 contra. Novas medidas de austeridade foram aprovadas na Grécia.
Mas não sem alguma polémica envolvida: 43 parlamentares, que alinhavam pelos partidos da coligação que está atualmente no Governo, acabaram por ser expulsos por não respeitarem a disciplina de voto partidária requerida e se terem oposto ao pacote apresentado.
Para os gregos esperam-se agora tempos ainda mais difíceis: prevê-se uma redução de 22% do salário mínimo e uma queda acentuada dos ordenados no sector privado, menos investimento e mais despedimentos. As pensões de reforma e as complementares também levarão cortes e cerca de 15.000 funcionários públicos serão colocados este ano numa reserva de trabalho, pagos a 60% do vencimento-base, antes de serem despedidos um a dois anos depois. Magistrados, polícias e outros profissionais de serviço público especial vão ter cortes de 10% nos salários e os médicos serão reduzidos nas horas extraordinárias e nas despesas com medicamentos. Foi elaborado um novo plano anticorrupção e também novas metas de privatização das empresas estatais. As medidas abrangem ainda restrições nas despesas militares e nas eleições.
O objetivo é poupar os cerca de  300 milhões de euros anuais que o país precisa para receber uma nova tranche de ajuda internacional de, pelo menos, 130 mil milhões de euros, que vão ajudar a salvar o Estado grego da bancarrota.

UM PAÍS A ARDER

O povo grego manifesta-se contra novo apertar do cinto (DR)
Nas largas horas em que os decisores políticos estiveram trancados no Parlamento a decidir a votação do novo pacote de austeridade, a Grécia era consumida por chamas de protesto. Cansados de dois anos a apertar o cinto, os gregos manifestaram-se de forma violenta um pouco por todo o país.
As autoridades policiais registaram 80 mil manifestantes na capital e 20 mil em Salónica, onde seis agências bancárias foram atacadas. Em Atenas havia cerca de 40 incêndios ativos e o Ministério da Saúde contabilizava 54 feridos.
Cinemas, cafés e lojas também não escaparam da fúria da multidão, repleta de manifestantes de máscaras negras a lutar contra a polícia, em frente à Assembleia. A televisão estatal indicava que a violência se tinha alastrado também às ilhas turísticas de Corfu e Creta.

RISCO DE FALÊNCIA

Os acontecimentos precipitaram-se na quinta-feira passada, na reunião do Eurogrupo. Os chefes de Estados dos países da moeda única disseram “Basta!” ao governo grego e, depois de muitas negociações, estabeleceram o dia 15 de Fevereiro como data limite para o executivo da Grécia aprovar um novo plano de poupança, que lhe permitisse receber mais dinheiro internacional. Após essa data, tornar-se-ia inevitável uma falência desordenada do país e perigosa para toda a zona euro.
Desde 2009, que a Grécia quase se tornou no filho bastardo da União Europeia, vista como uma nação que aldraba as contas e não consegue poupar. Com o risco de a crise  se alargar aos restantes Estados Membros sempre no horizonte, o país foi pressionado a atirar-se para medidas de austeridade confusas e pouco coordenadas. E como os resultados tardam em se tornar palpáveis, a opção de os gregos abandonarem o Euro deixou de ser tabu e a bancarrota tem-se tornado no cenário cada vez mais previsível.

O QUE AINDA ESTÁ PARA VIR

Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo (DR)
Na próxima quarta-feira, dia 15, os líderes do Eurogrupo voltam a reunir-se para decidir se o pacote agora aprovado é suficiente para que a Grécia receba os 130 mil milhões de euros de ajuda internacional.
Mas este não é o fim da linha. Muitos outros prazos precisam ainda de ser cumpridos este ano e esperam-se mais sacrifícios do povo grego, que ainda terá que enfrentar eleições em Abril. Tudo em nome do equilibrar das contas e da manutenção do Euro como moeda única.
No final do encontro do dia 9 de Fevereiro, Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo afirmava que não haveria desembolso sem implementação. “Nós estamos plenamente conscientes dos grandes esforços feitos pelos cidadãos gregos, mas também sublinhamos que mais será necessário para fazer a Grécia voltar ao caminho da sustentabilidade e do crescimento.”

Marta Velho

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