PLATAFORMA NOVA
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Os artigos deixarão de ser publicados neste blog.
Muito obrigada.
sexta-feira, 4 de maio de 2012
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
GÁS EXTRAÍDO DAS ROCHAS DE XISTO ESTÁ A REVOLUCIONAR MERCADO ENERGÉTICO
A fatura da eletricidade pode vir a ficar mais barata se os governos investirem na exploração de gás de xisto (DR) |
Portugal tem recursos por explorar
As novas técnicas de extração de
gás natural armazenado nas rochas de xisto estão a revolucionar a produção
energética mundial. O gás de xisto (ou gás shale - termo inglês) atinge hoje
20% da produção energética nos Estados Unidos e pode ultrapassar os 50% até
2030. A atenção está agora a virar-se para a Europa, onde alguns projetos de
exploração foram já iniciados por países como a Polónia ou o Reino Unido. Portugal
faz parte da lista de países com formação deste tipo de combustível, tendo a
bacia Lusitânica e a bacia de Peniche sido identificadas como estruturas que
seriam atraentes para a sua exploração.
Em termos de consumo o gás de
xisto é um recurso mais barato e menos poluente, ainda assim, a chegada deste
gás não convencional tem vindo a levantar questões do foro ambiental. A exploração do gás e do petróleo de xisto por fratura hidráulica,
com a ajuda da injeção de grandes quantidades de água e produtos químicos no
subsolo, é atacada pelos ecologistas que consideram a técnica particularmente
nociva para as reservas de água potável existentes nos lençóis
freáticos. Edite Estrela alertou também, em
Bruxelas, para os riscos da extração de gás e petróleo de xisto, referindo que
"há impactes para a saúde e para o ambiente, e os cidadãos merecem
conhecer esses riscos." A eurodeputada foi uma das cossignatárias de uma
declaração escrita, que pedia a aplicação imediata de uma moratória europeia às
atividades de exploração de depósitos de gás e de petróleo de xisto, de modo a
realizar estudos de avaliação de impacte em matéria de saúde e ambiente,
designadamente sobre o impacte climático da libertação maciça de
hidrocarbonetos para a atmosfera.
Por sua vez, o grupo
de reflexão (think tank) britânico Global Warming Policy Foundation defende que
“a contaminação das águas subterrâneas é possível, mas improvável se os procedimentos
adequados forem seguidos”.
EUROPA DIVIDIDA
Enquanto a Europa Ocidental apresenta uma oposição política e ambiental considerável à exploração do gás de xisto,
muitos estados do leste da União Europeia apoiam fortemente a exploração e produção deste gás, por razões geopolíticas.
No ano passado,
a França pediu a suspensão da exploração
de gás de xisto através da
prática de perfuração que injeta substâncias químicas na terra para extrair gás
natural, por temer que a água possa
ser contaminada pelos
produtos químicos utilizados. Em janeiro deste ano a Bulgária seguiu
o exemplo. No Reino Unido, o
Centro Tyndall para Pesquisas sobre Mudanças Climáticas pediu
uma moratória sobre as operações de
gás de xisto até as
implicações ambientais serem totalmente compreendidas.
Já países da Europa Central e Oriental,
como a Polónia, estão ansiosos por
explorar as suas reservas de gás de xisto como uma oportunidade para reduzir a sua forte dependência dos fornecimentos de gás do país vizinho, a Rússia.
Em Portugal 70,2%
da energia consumida não tem produção interna, de acordo
com números disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística
(INE) para 2010. A história da prospeção de hidrocarbonetos no país ter-se-á
iniciado em meados do século XIX. Data de 1844 uma das primeiras referências à
existência de hidrocarbonetos em território nacional, no lugar designado Canto
de Azeche, em São Pedro de Moel.
Susana Machado
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
AJUDA ALIMENTAR AGUENTA ATÉ
2013, MAS CORRE RISCOS
Afinal a ajuda europeia aos mais carenciados foi além de 2011 (Gerd Ludwig 2002) |
PROGRAMA DE DISTRIBUIÇÃO
ALIMENTAR PARA OS MAIS CARENCIADOS SERÁ PROLONGADO PELO MENOS ATÉ 2013 E
RECEBERÁ 500 MILHÕES DE EUROS PARA FAZER FACE À CRISE
Há nova esperança para o
programa de ajuda alimentar à população mais desfavorecida da União Europeia. Assegurados
ficam para já os anos de 2012 e 2013, mas responsáveis políticos já pensam num
prolongamento até 2020.
O Programa de Distribuição
Alimentar (PDA) foi reanalisado pelo Parlamento Europeu que, dada a crise
económica que assola a Europa e ao rigoroso inverno deste ano, admitiu rever o
prazo do plano e assegurou mais dois anos de financiamento.
"Muitas pessoas de
diferentes grupos sociais encontram-se numa situação de crise económica tanto
no Sul como no Norte da Europa e em novos e mais antigos estados-membros",
sublinhou o euro-parlamentar polaco Czeslaw Siekierski.
O representante da Polónia
lembrou que "muitos sem-abrigo" se encontram numa "situação
muito difícil" e apontou para uma importância acrescida do plano de ajuda
neste período.
O programa vai contar com um
apoio de 500 milhões de euros financiados ao longo dos próximos dois anos por
fundos europeus. Segundo a Aliança Europeia de Saúde Pública, mais de 18
milhões de pessoas desfavorecidas são atualmente abrangidas por esta ajuda
alimentar.
Dezembro de 2011 era o limite
marcado para o PDA, mas os ministros da Agricultura dos diferentes países pediram
o prolongamento, em janeiro, reunidos em Conselho da Agricultura, por mais dois
anos. Votaram contra a prolongação o Reino Unido, a Suécia e a Dinamarca.
Absteve-se a República Checa.
Aprovado pelo Parlamento
Europeu, o prolongamento até 2013 do programa foi encarado como uma
"conquista importante", mas muitos responsáveis já pensam na
necessidade do programa continuar em 2014.
"Continuaremos a nossa
pressão política para assegurar que a União Europeia continue a mostrar
solidariedade com os mais fracos da nossa sociedade também depois de 2013,
especialmente em tempos de grave crise económica", explicou o Presidente
da Comissão de Agricultura, Paolo de Castro.
Mantendo-se o limite previsto,
em 2013, o programa veria o seu fim após 26 anos de ter sido instituído para
ajudar os mais carenciados dos ex-países soviéticos.
Valerio Boto
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
PREÇOS DO ROAMING
PODEM BAIXAR ESTE ANO
O raoming está, de novo, na agenda do Parlamento Europeu |
Parlamento Europeu
apresenta proposta para descer o preço das chamadas efetuadas dentro da União
Europeia (EU). Empresas de telecomunicações reagem com desagrado.
O Parlamento Europeu deverá
votar, em abril, uma proposta que visa continuar a baixar o preço das chamadas
de voz, mensagens de texto (SMS) e serviços de dados efetuados dentro da União
Europeia (roaming). A ser aprovada, a nova legislação entrará em vigor depois
de junho de 2012, altura em que as atuais regras impostas pela Comissão
Europeia deixam de estar em vigor.
A proposta vai ser apresentada
por uma equipa liderada por Angelika Niebler. A eurodeputada alemã considera que
“o roaming de
dados através de fronteiras e
redes deixou de ser, tecnicamente, um exercício caro”
e, por isso, “todos os utilizadores têm direito
a um preço justo", afirma.
O eurodeputado
português, Correia de Campos, vai mais longe e defende a criação, a
breve trecho, de um “verdadeiro mercado único das telecomunicações” em que
sejam eliminados os encargos do roaming no espaço europeu e os preços sejam
iguais em todos os Estados-membros.
De acordo com as medidas
apresentadas, a partir de 1 de julho de 2014 os consumidores de roaming não
deverão pagar mais de 24 cêntimos por minuto para fazer uma chamada, um máximo
de 10 cêntimos por minuto para receber uma chamada, um máximo de 10 cêntimos
para enviar uma mensagem de texto e um máximo de 50 cêntimos por megabyte (MB)
para download de dados ou para navegar na Internet.
Outra das medidas previstas na
proposta é a possibilidade dos consumidores poderem escolher as redes móveis que
pretendem utilizar quando visitam outro país da UE, mantendo o mesmo número de
telefone e um contrato de roaming
separado do seu contrato para serviços móveis nacionais.
A proposta
apresentada traz boas notícias para os consumidores, mas não agrada as empresas
de telecomunicações europeias. "Os preços do roaming são evidências claras de que o mercado único não está suficientemente
integrado. Os consumidores europeus
são relutantes em usar os seus dispositivos móveis quando viajam para o exterior", diz Monika
Štajnarová, da Organização
Europeia de Consumidores, BEUC.
EMPRESAS DE TELECOMUNICAÇÕES ALEGAM QUE MEDIDAS PROPOSTAS LIMITAM A
COMPETITIVIDADE
A autora da
proposta, Angelika Niebler, acredita que esta também daria a operadores móveis (incluindo
os chamados operadores móveis virtuais, que não têm a sua própria rede) o direito de usar redes de outras operadoras em outros Estados-Membros, e assim incentivar os
operadores a competir mais no mercado
de itinerância.
As empresas de
telecomunicações europeias, por sua vez, unem-se para mostrar descontentamento
perante os novos limites propostos para os preços do roaming e discordam com o
argumento da eurodeputada. “Os rigorosos limites de
preços e a reforma estrutural do
mercado são incompatíveis. As
medidas estruturais propostas só podem ser eficazes
se os limites máximos de preços de retalho forem fixados em níveis que incentivem a entrada no mercado (de novas
empresas) ao invés de desencorajá-la”,
argumenta, em comunicado, a GSM Association, representante
de vários operadores móveis a nível mundial.
Por sua vez, Richard Feasey, da
Vodafone, incita os parlamentares a
reconhecer os desafios que eles
enfrentam. “Os limites para os preços de retalho não
devem ser múltiplos arbitrários dos limites dos preços
de venda por atacado mas devem
recuperar os custos de comercialização
e atendimento aos clientes”, defende.
A votação de ideias para incluir
na proposta está prevista para o final de fevereiro e a votação da proposta
final, com as novas regras, deverá ocorrer no Parlamento Europeu dois meses
depois.
Susana Machado
sábado, 18 de fevereiro de 2012
ACTA
OU NÃO DESACTA
ALGUNS
PAÍSES JÁ ASSINARAM O POLÉMICO DIPLOMA CONTRA A PIRATARIA INFORMÁTICA MAS A
PRUDÊNCIA DE ALGUNS PODE LEVAR PARLAMENTO EUROPEU A REVER PROPOSTA
Um
acordo internacional que visa criar um enquadramento legal comum para combater
as violações de direito de autor na internet e as contrafacções não só está a
levar milhares de pessoas a protestar como já cria divergências no seio da
União Europeia.
O
Anti-Counterfeiting Trade Agreement (ACTA), assinado por diversos países no
mundo e a maioria dos países-membros da União não convence todos. Apesar de
países como Estados Unidos, Canadá e Austrália já terem assinado a proposta, outros
estão preocupados com as consequências que o acordo possa trazer.
Apesar
de já ter sido assinado por 22 países europeus, à Alemanha e à Polónia, que já
se tinham oposto à ratificação da ACTA, juntam-se agora os Países Baixos e a
Bulgária. O ministro da economia búlgaro, Traicho Trakov, teme que a lei possa
encorajar a vigilância da internet e limitar a liberdade de descarregar filmes
e música. Mesma prudência tomou o Parlamento holandês que apoiou um apelo do
partido da Esquerda Verde para que a assembleia não ratificasse de imediato o
acordo.
Enquanto
alguns estados se preparavam para assinar o documento durante o mês de Janeiro,
no seio da União, as populações contra a medida não ficaram em casa e, depois
dos protestos que durante meses marcaram posição contra o "um por
cento", voltaram a descer para as ruas milhares de pessoas que temem a
limitação da liberdade de expressão.
Máscaras
brancas, famosas em manifestações de indignados e occupiers que percorreram o
mundo, ganharam novo estandarte contra a medida ACTA. O grupo Anonymous, que
apoiou as manifestações contra as classes políticas com acções concretas de pirataria
na internet, já alertou para o "perigo" que o diploma representa.
As
divergências no seio da União, apesar da maioria de assinaturas por parte dos
países, chegou ao Parlamento Europeu e o próprio negociador da ACTA, demitiu-se
do encargo por considerar que o diploma vai "longe de mais". Kader
Arif, político francês e ex-membro do Parlamento, acredita que a medida ameaça
a liberdade dos cibernautas.
A
ser aprovado, o acordo pode levar a acusações criminais utilizadores que tenham
música ou filmes descarregada ilegalmente. Arif apelou mesmo a que a população
da União Europeia "demonstre interesse e preocupação quanto ao
acordo" para criar "um debate público, que foi impossível até
hoje".
Depois
das discordâncias, o Parlamento Europeu pode estar mesmo confinado a uma
revisão da proposta. Mas Arif acredita que "é impossível" esta
revisão porque o debate entre os partidos representados no Parlamento terminou
no passado dia 1 de Outubro.
"A
Comissão Europeia negociou [o acordo] em nome da União Europeia, na base do
mandato entregue pelos países-membros em 2007", explicou.
Os
defensores da medida dizem que "se trata de atacar actividades ilegais a
larga escala", como vem descrito no próprio documento.
Valerio Boto
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
A BARONESA DESCONHECIDA
Ashton ocupa o cargo de Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança (DR) |
Catherine
Ashton não prima pelo carisma. Figura mediana, cabelo curto castanho, olhos
pequenos, nariz alongado – a britânica torna-se quase invisível quando se
encontra junto de outros gigantes da Europa, como José Barroso, presidente da
Comissão Europeia, ou Angela Merkel, chanceler alemã.
É a
ela que cabe representar a União Europeia (UE) no exterior. Com a entrada em
vigor do Tratado de Lisboa em 2009 surgiu uma tentativa de reforço da
diplomacia europeia no mundo. Foi criado o cargo de Alto Representante da União
para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança de carácter permanente,
atribuído a Ashton.
O
nome é pomposo e a posição acarreta responsabilidade. A britânica é ainda
vice-presidente da Comissão Europeia, mas nem por isso é mais reconhecida pelo
público. Uma grande parte, senão mesmo a larga maioria, dos cidadãos europeus
desconhece o seu papel. E, mesmo na esfera política, quando o foi apontada para
o mais alto cargo diplomático da UE, muitos foram os que questionaram a sua
capacidade, devido à sua fraca notabilidade no mundo dos Negócios Estrangeiros.
Nos bastidores de Bruxelas, corria o rumor de que a posição lhe tinha sido
atribuída para compensar o Reino Unido por, na mesma altura, o posto de
presidente do Conselho Europeu ter calhado ao belga Herman Van Rompuy e não ao
britânico Tony Blair, como tudo parecia indicar.
DE
HUMILDE A BARONESA
No
entanto, o currículo de Catherine Ashton não desilude. É membro do Partido
Trabalhista britânico, fez parte do Conselho Privado da Rainha e assumiu cargos
de responsabilidade nos departamentos da Educação e dos Assuntos
Constitucionais. Conseguiu o título de Baronesa de Upholland através da Câmara
dos Lordes, da qual veio a ser líder, dirigindo inclusive a posição deste grupo
parlamentar nas negociações do Tratado de Lisboa. Esteve ainda à frente da
pasta do comércio na Comissão Europeia.
Contudo,
Catherine Ashton é oriunda de um meio humilde do norte de Inglaterra e
conseguiu traçar o seu caminho ascendente através da força da vontade. Foi a
primeira da família a obter um grau académico, de Sociologia, no Bedford
College em Londres, em 1977.
Hoje
em dia, é casada com Peter Kellner, presidente da organização YouGov. Tem dois
filhos e três enteados.
NA
SOMBRA DE TODOS OS OUTROS
Como
Alto Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de
Segurança, o trabalho de Catherine Ashton tem sido muitas vezes alvo de duras
críticas. É constantemente acusada de ser uma sombra dos outros líderes
europeus e ter uma posição pouco assertiva na representação da UE.
Em
declarações ao diário ABC, o analista de política internacional José María de
Areilza assinalava o constante fracasso da posição da Europa nas crises
mundiais. Dando o exemplo da Primavera Árabe, lembrou a “crescente ineficácia
da ação europeia, que assenta num poder de atração, ou soft power inútil,
perante os massacres na Líbia, ou a guerra civil na Síria.” Em relação a
Ashton, Areliza considera que a baronesa, atualmente, “bateu no fundo, algo que
parecia difícil. E isso aconteceu porque negociou um acordo nos termos do qual
a atuação das suas relações externas ficaria subordinada a autorizações
burocráticas de três comissários que lhe fazem concorrência aberta no seio do
executivo europeu.” De novo, Catherine Ashton a colocar-se atrás de todos os
outros na UE.
Marta Velho
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
A
CORRUPÇÃO E A EUROPA
(DR) |
NÚMEROS
E ESTATÍSTICAS
Acabam
de ser reveladas as mais recentes estatísticas sobre a corrupção na União
Europeia (UE). De acordo com o Eurobarómetro, três em cada quatro cidadãos
europeus, ou seja 73%, acreditam que o fenómeno está presente nas instituições
oficiais da UE. O valor sobe um pouco mais quando se fala a nível nacional: 79%
julgam os serviços dos Estados-Membros como corruptos.
Mas
os números não se ficam por aqui. Quase metade das pessoas inquiridas acredita
que a situação ficou pior nos últimos três anos, sendo opinião da maioria (70%)
que a corrupção é inevitável, sempre existiu e sempre existirá.
São
resultados que surpreendem a Comissão Europeia (CE) que, nos últimos anos, se
tem empenhado no desenvolvimento de um elaborado programa de transparência na
UE. Os esforços foram, inclusive, intensificados em junho com o estabelecimento
de um plano anticorrupção com objetivos elevados.
“A
corrupção só pode ser combatida com êxito se houver vontade e empenho por parte
dos líderes e dos órgãos de decisão a todos os níveis”, afirmou Cecilia
Malmström, comissária europeia dos Assuntos Internos. “Constato com pesar que
os resultados práticos da luta contra a corrupção na União Europeia continuam a
ser insatisfatórios. Quantas vezes é preciso repetir que é urgente agir?”
A
EUROPA E O MUNDO
De
acordo com o relatório anual da organização Transparência Internacional, acerca
da percepção da corrupção no mundo inteiro, em 2011, os Estados Membros da UE
nem ficaram assim tão mal cotados. O documento avalia, numa escala de um a dez,
o quanto os países são vistos como corruptos, sendo o zero atribuído quando a
corrupção impera e dez onde existe o nível máximo de transparência.
A
lista é liderada pela Nova Zelândia, com 9.5 valores. No fundo encontram-se,
lado a lado, a Coreia do Norte e a Somália, ambos com apenas 1 ponto. A UE tem
três países logo nos cinco primeiros postos. A Dinamarca e a Finlândia, que
ocupam respetivamente o segundo e terceiro lugares, os dois com 9.4, seguidos de
perto pela Suécia, com 9.3. Só dez Estados Membros têm menos de 5 valores,
sendo o mais mal cotado a Roménia, com 3.3, seguindo-se logo a Grécia com 3.4.
CORRUPÇÃO
À PORTUGUESA
Portugal
ocupa a posição 32, na lista de 182 países – foi avaliado com 6.1 valores,
atrás da Espanha, que tem 6.2, e à frente da Eslovénia, que tem 5.9.
Voltando
aos resultados do Eurobarómetro, 68% dos portugueses acredita que a corrupção
tem piorado ao longo dos últimos três anos e quase todos os inquiridos
acreditam que o fenómeno é um dos maiores problemas do país.
Marta Velho
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
BILHETES DE BAIXO
CUSTO FAZEM PARTE DA ESTRATÉGIA DE GUIMARÃES 2012
A Capital Europeia da
Cultura (CEC) adapta-se aos tempos difíceis com um preço máximo de 10 euros por
bilhete
A cidade de Guimarães é, este
ano, a par de Maribor, na Eslovénia, Capital Europeia da Cultura. Sob o lema
“Tu Fazes Parte”, a programação cultural de Guimarães 2012 apela à participação
dos cidadãos. E estes têm respondido em massa ao apelo, enchendo sobretudo as
ruas, as casas e os locais públicos, em iniciativas de cariz popular. Milhares
assistiram ao espetáculo de abertura, no recentemente renovado Largo do Toural,
e quase uma centena de concertos gratuitos, espalhados por várias casas
particulares do centro histórico vimaranense, atraíram habitantes locais e
turistas na primeira semana do evento, que se pretende inclusivo.
O espetáculo de abertura (DR) |
Dentro deste entendimento, a
Fundação Cidade de Guimarães criou o Cartão Guimarães 2012 que garante um
desconto de 50 por cento nos espetáculos da Capital Europeia da Cultura, e propõe
uma bilheteira inclusiva com bilhetes que não ascenderão os 10 euros.
O programa também tem em conta os
limites orçamentais impostos pelo clima de crise económica, e aposta sobretudo
na prata da casa, com as residências e associações locais a servirem de palco a
vários espetáculos. A verba disponível para a programação era de 25 milhões de
euros (o orçamento global supera os 111 milhões, 70 dos quais destinados a
infraestruturas), mas os cortes na contrapartida nacional reduziram-na para
cerca de 21 milhões.
Assim sendo, uma das novidades de
última hora anunciadas pela organização da CEC – e que não consta da agenda de
programação – é o concerto gratuito do guitarrista americano Pat Metheny, no
dia 21 de julho. Destaque ainda para o espetáculo “City Maquette”, da
coreógrafa francesa Mathilde Monnier que, nos dias 16 e 17 de maio, vai contar
a história de Guimarães através da participação dos próprios vimaranenses. Dois
dias depois, a cidade exibe o trabalho do aclamado Emerson String Quartet que,
com mais de 30 anos de carreira e nove grammys pelo melhor álbum de repertório
clássico, se transformou numa presença incontornável no universo dos
agrupamentos musicais.
SALÁRIOS ESCANDALOSOS E FALTA DE ENVOLVIMENTO DE TERRAS VIZINHAS GERAM
POLÉMICA
O primeiro traço da Capital
Europeia da Cultura, Guimarães 2012, foi desenhado há 6 anos atrás com Isabel
Pires de Lima, à data ministra da Cultura, a declarar que a cidade reunia
"todas as características para acolher um evento como a Capital Europeia
da Cultura”, que no ano passado conheceu linhas marcadas pelo desentendimento
entre a autarquia e a Fundação Cidade de Guimarães. Em cima da mesa estava a
questão dos salários do Conselho de Administração, considerados “escandalosos”.
Os salários sofreram uma redução de 30 por cento, mas continuam até hoje a ser
alvo de polémica, uma questão "folclórica" para o autarca António
Magalhães que, entretanto, anunciou a antecipação do fim da Fundação de 2015
para 2013.
Assim, a demissão da presidente
da Fundação, Cristina Azevedo, em julho de 2011, foi o culminar do processo de
deterioração da relação entre a instituição e a Câmara de Guimarães. João
Bonifácio Serra, até então vice-presidente, foi então nomeado presidente da
Fundação Cidade de Guimarães.
Além desta situação, a dez dias
do início oficial do evento, os municípios vizinhos sentiam-se à margem do
projeto. A Fundação Cidade de Guimarães admite que na programação do primeiro
semestre não os levou em conta e promete emendar a situação.
Susana Machado
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
ONDE ESTÁ O AMOR?
Rafaela Grácio
(DR) |
A prova de que o amor
pode não estar ao virar da esquina é que, no coração da Europa, o qUE conheceu
dois corações de diferentes Estados-Membros que se uniram na capital da União
Europeia há seis anos atrás.
A história é simples e, por
certo, comum a tantas outras, mas foi à conversa com eles que aceitámos
celebrar o amor europeu neste dia de São Valentim.
(DES)ENCONTROS
Para todos os expatriados
em Bruxelas, uma das coisas mais dificeis é mesmo conhecer belgas. As culturas
são mais que muitas, as instituições europeias estão cheias de todas as
nacionalidades possíveis e imagináveis, e a maioria dos belgas opta por morar
fora da capital.
Estávamos em 2005. Em
Bruxelas há cerca de um ano, Delphine (29) começava a carreira profissional numa
empresa lobista na cidade. Na tentativa de uma aproximação à realidade belga,
e para sair um pouco da European bubble (expressão muito usada por quem vive no
mundo das instituições europeias e empresas satélite, em Bruxelas), decidiu ir
a um dos bares mais conhecidos da zona e que é frequentado maioritariamente
por... belgas, o Parc Savoy.
O que Delphine não sabia,
é que naquela noite não era por um belga que se iria apaixonar, mas sim por um
português.
O Bruno (31) é consultor
financeiro, e tinha acabado de chegar à capital europeia há pouco mais de um
mês para um intercâmbio profissional que iria durar somente dois anos. Quis o
destino, que na procura de diversão, se encontrassem um ao outro.
A leveza com que levaram
a relação nos primeiros tempos não fazia de todo prever que fossem ficar juntos
até hoje. Mas o tempo passa e o coração vai pregando das suas.
(IN)DIFERENÇAS
Juntos há seis anos,
optaram por viver e partilhar casa há três. Quando questionados sobre as
diferenças culturais, Bruno confessa não saber até que ponto deixam de ser
culturais e passam a ser de carácter, mas confessa: “Os pais da Delphine abrem uma garrafa de
champanhe de cada vez que vou lá a casa. Ao princípio pensava que fosse por
gostarem de me ver, mas depois comecei a perceber que o fazem sempre que têm
visitas. Em Portugal, abre-se uma garrafa de champanhe numa ocasião especial”.
Para Delphine o mais
difícil é mesmo o facto de ainda não dominar o português. “Um entrave” à
comunicação com os pais do Bruno, quando de visita a Portugal, ou mesmo entre
amigos, apesar de a maioria dos amigos dele falar perfeitamente inglês e
francês.
Volvidos estes anos
todos, optaram por ainda não apresentar as respectivas famílias uma à
outra. “O Natal é passado em separado”
avança Bruno. “Talvez quando tivermos filhos tenha de ser diferente, mas para
já é assim”.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
TRAGÉDIA GREGA?
NOVO PACOTE DE AUSTERIDADE APROVADO
Parlamento grego aprova novas medidas de austeridade (DR) |
Foi
uma noite agitada. Num Parlamento com lugar para 300 deputados, só 278 estavam
presentes. Desses, 199 votaram a favor e 74 contra. Novas medidas de
austeridade foram aprovadas na Grécia.
Mas
não sem alguma polémica envolvida: 43 parlamentares, que alinhavam pelos
partidos da coligação que está atualmente no Governo, acabaram por ser expulsos
por não respeitarem a disciplina de voto partidária requerida e se terem oposto
ao pacote apresentado.
Para
os gregos esperam-se agora tempos ainda mais difíceis: prevê-se uma redução de
22% do salário mínimo e uma queda acentuada dos ordenados no sector privado,
menos investimento e mais despedimentos. As pensões de reforma e as
complementares também levarão cortes e cerca de 15.000 funcionários públicos
serão colocados este ano numa reserva de trabalho, pagos a 60% do vencimento-base,
antes de serem despedidos um a dois anos depois. Magistrados, polícias e outros
profissionais de serviço público especial vão ter cortes de 10% nos salários e
os médicos serão reduzidos nas horas extraordinárias e nas despesas com
medicamentos. Foi elaborado um novo plano anticorrupção e também novas metas de
privatização das empresas estatais. As medidas abrangem ainda restrições nas
despesas militares e nas eleições.
O
objetivo é poupar os cerca de 300
milhões de euros anuais que o país precisa para receber uma nova tranche de
ajuda internacional de, pelo menos, 130 mil milhões de euros, que vão ajudar a
salvar o Estado grego da bancarrota.
UM
PAÍS A ARDER
O povo grego manifesta-se contra novo apertar do cinto (DR) |
Nas
largas horas em que os decisores políticos estiveram trancados no Parlamento a
decidir a votação do novo pacote de austeridade, a Grécia era consumida por
chamas de protesto. Cansados de dois anos a apertar o cinto, os gregos
manifestaram-se de forma violenta um pouco por todo o país.
As
autoridades policiais registaram 80 mil manifestantes na capital e 20 mil em
Salónica, onde seis agências bancárias foram atacadas. Em Atenas havia cerca de
40 incêndios ativos e o Ministério da Saúde contabilizava 54 feridos.
Cinemas,
cafés e lojas também não escaparam da fúria da multidão, repleta de
manifestantes de máscaras negras a lutar contra a polícia, em frente à
Assembleia. A televisão estatal indicava que a violência se tinha alastrado
também às ilhas turísticas de Corfu e Creta.
RISCO
DE FALÊNCIA
Os
acontecimentos precipitaram-se na quinta-feira passada, na reunião do
Eurogrupo. Os chefes de Estados dos países da moeda única disseram “Basta!” ao
governo grego e, depois de muitas negociações, estabeleceram o dia 15 de
Fevereiro como data limite para o executivo da Grécia aprovar um novo plano de
poupança, que lhe permitisse receber mais dinheiro internacional. Após essa
data, tornar-se-ia inevitável uma falência desordenada do país e perigosa para
toda a zona euro.
Desde
2009, que a Grécia quase se tornou no filho bastardo da União Europeia, vista
como uma nação que aldraba as contas e não consegue poupar. Com o risco de a
crise se alargar aos restantes Estados
Membros sempre no horizonte, o país foi pressionado a atirar-se para medidas de
austeridade confusas e pouco coordenadas. E como os resultados tardam em se
tornar palpáveis, a opção de os gregos abandonarem o Euro deixou de ser tabu e
a bancarrota tem-se tornado no cenário cada vez mais previsível.
O
QUE AINDA ESTÁ PARA VIR
Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo (DR) |
Na
próxima quarta-feira, dia 15, os líderes do Eurogrupo voltam a reunir-se para
decidir se o pacote agora aprovado é suficiente para que a Grécia receba os 130
mil milhões de euros de ajuda internacional.
Mas
este não é o fim da linha. Muitos outros prazos precisam ainda de ser cumpridos
este ano e esperam-se mais sacrifícios do povo grego, que ainda terá que
enfrentar eleições em Abril. Tudo em nome do equilibrar das contas e da
manutenção do Euro como moeda única.
No
final do encontro do dia 9 de Fevereiro, Jean-Claude Juncker, presidente do
Eurogrupo afirmava que não haveria desembolso sem implementação. “Nós estamos
plenamente conscientes dos grandes esforços feitos pelos cidadãos gregos, mas
também sublinhamos que mais será necessário para fazer a Grécia voltar ao
caminho da sustentabilidade e do crescimento.”
Marta Velho
domingo, 12 de fevereiro de 2012
MONARQUIAS EUROPEIAS
Da Suécia, princesa Vitória e Rei Carlos XVI Gustavo (DR) |
O qUE também gosta de uma boa história real. Quantos reis? Quantas rainhas? Quantos príncipes e
princesas? Quantas traições? Quantos escândalos? Quantos filhos bastardos?
A verdade é que, tirando os reis de Espanha e a Casa Real
inglesa, a maioria dos portugueses conhece pouco ou nada da monarquia europeia
e desta gente de sangue azul.
À partida, os títulos colocam-nos numa posição de
superioridade, mas será mesmo assim?
Comecemos então por conhecer os países da Europa unida que
têm um rei ou uma rainha, e quem são eles:
Bélgica – Rei Alberto II
Dinamarca – Rainha
Margarida II
Luxemburgo (Grão-Ducado) – Grão-duque Henrique
Holanda – Rainha Beatriz
Espanha – Rei Juan Carlos I
Suécia – Rei Carlos XVI Gustavo
Reino Unido e Irlanda do Norte – Rainha Isabel II
Há ainda os principados de Andorra, do Liechtenstein e o
Estado da Cidade do Vaticano, mas estes ficarão para outras núpcias.
A FAMÍLIA REAL
EUROPEIA EM NÚMEROS
Temos, então, sete monarquias governadas por três reis, três
rainhas e um grão-duque. Analisando a descendência legítima, contabilizamos
vinte e três príncipes e princesas na corrida aos tronos, estando apenas uma
princesa na sucessão directa para rainha: a bela Vitória da Suécia. Ora vejamos:
Bélgica – Rei Alberto II (Príncipe Filipe; Princesa Astrid; Príncipe Lourenço)
Dinamarca – Rainha
Margarida II (Príncipe Frederico;
Príncipe Joaquim)
Luxemburgo (Grão-Ducado) – Grão-duque Henrique (Príncipe Guilherme; Príncipe Félix;
Príncipe Luís; Princesa Alexandra; Príncipe Sebastião)
Holanda – Rainha Beatriz (Príncipe Guilherme Alexandre; Príncipe João Friso; Príncipe
Constantino)
Espanha – Rei Juan Carlos I (Infanta Helena; Infanta
Cristina; Príncipe Felipe)
Suécia – Rei Carlos XVI Gustavo (Princesa Vitória; Príncipe Carlos Filipe; Princesa Madalena)
Reino Unido e Irlanda
do Norte – Rainha Isabel II (Príncipe
Carlos; Princesa Ana; Príncipe André; Príncipe Eduardo)
VITÓRIA DA SUÉCIA… E
DE PORTUGAL (UM BOCADINHO)
O que a maioria dos nossos leitores não sabe é que a única
princesa na sucessão directa a um trono europeu, tem sangue português a
correr-lhe nas veias. Vitória da Suécia é neta de avó brasileira, que por sua
vez é filha de um descendente directo do rei Afonso III de Portugal. O qUE não
faz ideia se Vitória fala português, mas prometemos averiguar.
Rafaela Grácio
sábado, 11 de fevereiro de 2012
FARAGE, DO OUTRO LADO DA EUROPA
O PARLAMENTO EUROPEU TAMBÉM É MORADA DE POLÉMICAS E, NOS
ÚLTIMOS ANOS, NIGEL FARAGE TEM SIDO UM DOS PRINCIPAIS ATORES
Farage acredita que o projeto europeu "vai falhar". (DR) |
Há um parlamento em Bruxelas que é uma das instituições pilares
do projeto europeu, mas não só de defensores da União é constituído. É o caso
do eurodeputado Nigel Farage que lidera o movimento eurocético da direita
europeia materializado no UK Independence Party (UKIP) e representado no
Parlamento Europeu pelo Europe of Freedom and Democracy.
Farage não poupa duras críticas aos outros partidos europeístas
e aos eurocratas da assembleia . Com o advento da crise que envolve a União
Europeia, ganhou um novo foco de ataque e uma nova visibilidade.
Foi com a frase "quem diabo pensam que são?" que
Nigel Farage deixou clara, em novembro de 2010, a sua linha de diálogo político
no Parlamento Europeu (PE). Com esta pergunta dirigiu-se ao presidente do
Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, e ao comissário europeu dos Assuntos
Económicos acusando-os de dissuadir referendos em matérias europeias no seio
das democracias da União e de serem "pessoas de facto perigosas".
"A vossa obsessão em criar este estado Europeu significa
que estão satisfeitos em destruir a democracia. Parecem felizes que milhões e
milhões de pessoas estejam desempregadas e pobres. Incontáveis milhões têm que
sofrer para que o vosso sonho europeu possa continuar", atirou durante a
mesma sessão parlamentar.
Certo para Nigel Farage é que o projeto europeu vai falhar.
Depois da "tragédia grega" e do susto irlandês, o líder do UKIP já
preconizava o problema português e suspeita que "a Espanha é a
próxima". As dívidas dos países europeus preocupa o eurodeputado que teme
o fim da reservas para a ajuda financeira de que Portugal foi exemplo.
"Não vai funcionar. O resgate à Espanha seria sete vezes
superior ao da Irlanda e quando todo o dinheiro do resgate acabar, não vai
haver mais", resumiu.
Os problemas para a Europa não são apenas de caráter económico,
garante Farage. "São ainda mais sérios", disse ao Parlamento. O
eurocético acredita mesmo que o projeto europeu "rouba" a identidade
das populações e a e a sua democracia, deixando-lhes apenas "o
nacionalismo e a violência".
"Posso só esperar e rezar que o projeto europeu seja
destruído pelos mercados antes que tal aconteça", declarou.
Mas o líderes europeus na mira de Farage são vários e
personalidades como o português José Manuel Barroso, presidente da Comissão
Europeia, ou a chanceler alemã Angela Merkel, também não escaparam a duras
críticas e, em alguns casos, a ações concretas.
Em 2005, Barroso chegou mesmo a ser alvo de uma moção de
censura da parte de Farage depois de uma polémica em torno das despesas para
férias dos comissários europeus. A moção apresentada por Farage, apesar de
inconsequente em termos de representação e liderança parlamentar, obrigou Durão
Barroso a prestar declarações frente ao PE.
ATAQUE AOS "EURO-NACIONALISTAS"
No início de fevereiro, Farage voltou a estar no centro das
atenções quando abandonou o parlamento em plena sessão. Nigel Farage foi
interrompido a meio do discurso por Martin Schulz, presidente do PE, quando o
eurodeputado comparava as propostas do ministro das Finanças alemão às de um
"gauleiter", líder regional do partido nazi durante a ditadura de Hitler.
Durante a sessão, Farage ainda foi a tempo de defender que,
depois da ajuda financeira e com o plano proposto pela Alemanha para controlar
a sua despesa pública, a Grécia é praticamente uma "colónia" da União
Europeia.
A hegemonia franco-alemã nas decisões da União Europeia é atualmente
uma das polémicas políticas mais discutidas na generalidade dos países-membros.
À frente do seu tempo, Nigel Farage, já tinha alertado para o fenómeno durante
o mandato da Alemanha na presidência da União Europeia, chegando a caracterizá-lo
de "euro-nacionalismo".
Já em 2007, no centro do ataque do eurodeputado britânico
estava a chanceler alemã Angela Merkel, líder do governo alemão que iniciava o
mandato de uma "desonesta e francamente perigosa" presidência da
Alemanha na União Europeia.
Valerio Boto
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
IRÃO: PERGUNTAS E RESPOSTAS
Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irão (DR) |
PORQUE É QUE O OCIDENTE PRECISA DE
CONTROLAR O GIGANTE DO MÉDIO ORIENTE?
O Irão não é um país fácil de entender, muito menos à luz duma mentalidade ocidental.
O Irão não é um país fácil de entender, muito menos à luz duma mentalidade ocidental.
Poucos, a Oriente ou Ocidente, são aqueles que estabelecem relações amigáveis
com a antiga Pérsia com base na confiança. O caso do seu programa nuclear é
revelador disso mesmo.
No final dos anos 70, uma grande revolução teve lugar no país dos Persas, que se estabeleceu como república islâmica, ou seja, um sistema baseado em leis conservadoras inspiradas no Corão e com o controle político nas mãos do clero. Dada a distância ao nosso ideal de democracia, não será de estranhar que as relações não sejam fáceis. Pior ficou após os Estados Unidos da América terem apelidado o Irão de “Eixo do Mal”.
Mas esta nação não pode ser ignorada, quanto mais não seja por uma questão estratégica. É um importante país do Médio Oriente, geograficamente posicionado entre vizinhos como o Afeganistão, Paquistão, Iraque, Turquia ou o Golfo Pérsico, entre outros. Tem um poderio económico crescente e acesso fácil a um recurso especialmente importante para a Europa: energia! Na verdade, o Irão é o segundo maior produtor de petróleo do mundo e um em cada cinco barris de petróleo consumidos na Europa são comprados a este país.
E é precisamente um recurso energético que tem trazido as relações Irão-Ocidente para as páginas dos jornais: energia nuclear.
O PROBLEMA É A ENERGIA NUCLEAR OU O QUE SE FAZ COM ELA?
O Irão é um dos 189 países do mundo assinantes do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o qual establece que apenas as nações que explodiram a bomba atómica antes de 1967 têm direito de possuir esse tipo de armamento. Ou seja, estamos a falar dos EUA, Russia, Reino Unido, França e China. As restantes nações que assinaram o Tratado comprometem-se a não produzir tais armas, podendo desenvolver tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos. Ainda assim, estes projetos devem ser avaliados pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). Caso exista alguma suspeita sobre o fim concreto de algum projeto, a responsablidade de análise passa para o Conselho de Segurança da ONU.
No final dos anos 70, uma grande revolução teve lugar no país dos Persas, que se estabeleceu como república islâmica, ou seja, um sistema baseado em leis conservadoras inspiradas no Corão e com o controle político nas mãos do clero. Dada a distância ao nosso ideal de democracia, não será de estranhar que as relações não sejam fáceis. Pior ficou após os Estados Unidos da América terem apelidado o Irão de “Eixo do Mal”.
Mas esta nação não pode ser ignorada, quanto mais não seja por uma questão estratégica. É um importante país do Médio Oriente, geograficamente posicionado entre vizinhos como o Afeganistão, Paquistão, Iraque, Turquia ou o Golfo Pérsico, entre outros. Tem um poderio económico crescente e acesso fácil a um recurso especialmente importante para a Europa: energia! Na verdade, o Irão é o segundo maior produtor de petróleo do mundo e um em cada cinco barris de petróleo consumidos na Europa são comprados a este país.
E é precisamente um recurso energético que tem trazido as relações Irão-Ocidente para as páginas dos jornais: energia nuclear.
O PROBLEMA É A ENERGIA NUCLEAR OU O QUE SE FAZ COM ELA?
O Irão é um dos 189 países do mundo assinantes do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o qual establece que apenas as nações que explodiram a bomba atómica antes de 1967 têm direito de possuir esse tipo de armamento. Ou seja, estamos a falar dos EUA, Russia, Reino Unido, França e China. As restantes nações que assinaram o Tratado comprometem-se a não produzir tais armas, podendo desenvolver tecnologia nuclear apenas para fins pacíficos. Ainda assim, estes projetos devem ser avaliados pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). Caso exista alguma suspeita sobre o fim concreto de algum projeto, a responsablidade de análise passa para o Conselho de Segurança da ONU.
Ora, o Irão tem um programa nuclear em andamento desde 1950, com o objetivo de
gerar eletricidade. Pelo menos, é isso que os lideres persas afirmam...o
problema é que já poucos acreditam assim seja!
Efetivamente, o programa tem sido alvo de muita controversia, especialmente após 2003, com o Irão a ser acusado de violar o acordo vezes sem conta devido a enriquecimento de urânio. O país foi alvo de três resoluções de sanções por parte do Conselho de Segurança da ONU. O papel da União Europeia tem sido sempre o de mediador, oferencendo alguns beneficios ao Irão em troca da suspensão de atividades, mas a cada acordo alcançado, os Persas tendem a voltar atrás, continuando e expandido a atividade, e limitando o acesso da AIEA às suas instalações.
Um novo episódio aconteceu em novembro 2011: um relatório da AIEA revelou informações sugestivas de que o Irão estaria a proceder testes a materiais nucleares explosivos. Desde então, os lideres mundiais têm discutido a possibilidade de aplicar novas sanções.
Na UN ainda não foi possível chegar a consenso uma vez que a China e a Russia não estão de acordo, e estes dois gigantes têm direito de veto naquele organismo. No entanto, em janeiro de 2012 os Estados Unidos aplicaram novas sanções contra o setor financeiro iraniano, provocando uma queda histórica na moeda iraniana. Também os lideres europeus acordaram num embargo ao petróleo iraniano com efeitos a partir de julho 2012, o que significa que apesar de serem proibidos novos contratos, aqueles realizados antes 1 de julho permanecem válidos.
O Irão já respondeu com um plano para banir a exportação de crude para países europeus mesmo antes do embargo entrar em vigor.
Entretanto, esta situação gerou um substancial aumento do preço do petróleo, susceptível de afetar principalmente e em maior extensão a população iraniana, deixando por isso gropos vulneráveis em condições ainda mais precárias.
PARAMOS O IRÃO OU ISRAEL?
Para a UE e os EUA a urgência em assegurar que o Irão não desenvolva uma bomba nuclear passa também pela essência da relação pouco amigável dos Persas com Israel. Este último não é assinante do TNP mas existem suspeitas de que também insista no enriquecimento de urânio. Uma guerra entre entre dois países não significa apenas destabilizar ainda mais o Médio Oriente, mas também um conflito com consequências imprevisíveis já que ninguém sabe ao certo com que tipo de armamento contam estas duas nações.
Efetivamente, o programa tem sido alvo de muita controversia, especialmente após 2003, com o Irão a ser acusado de violar o acordo vezes sem conta devido a enriquecimento de urânio. O país foi alvo de três resoluções de sanções por parte do Conselho de Segurança da ONU. O papel da União Europeia tem sido sempre o de mediador, oferencendo alguns beneficios ao Irão em troca da suspensão de atividades, mas a cada acordo alcançado, os Persas tendem a voltar atrás, continuando e expandido a atividade, e limitando o acesso da AIEA às suas instalações.
Um novo episódio aconteceu em novembro 2011: um relatório da AIEA revelou informações sugestivas de que o Irão estaria a proceder testes a materiais nucleares explosivos. Desde então, os lideres mundiais têm discutido a possibilidade de aplicar novas sanções.
Na UN ainda não foi possível chegar a consenso uma vez que a China e a Russia não estão de acordo, e estes dois gigantes têm direito de veto naquele organismo. No entanto, em janeiro de 2012 os Estados Unidos aplicaram novas sanções contra o setor financeiro iraniano, provocando uma queda histórica na moeda iraniana. Também os lideres europeus acordaram num embargo ao petróleo iraniano com efeitos a partir de julho 2012, o que significa que apesar de serem proibidos novos contratos, aqueles realizados antes 1 de julho permanecem válidos.
O Irão já respondeu com um plano para banir a exportação de crude para países europeus mesmo antes do embargo entrar em vigor.
Entretanto, esta situação gerou um substancial aumento do preço do petróleo, susceptível de afetar principalmente e em maior extensão a população iraniana, deixando por isso gropos vulneráveis em condições ainda mais precárias.
PARAMOS O IRÃO OU ISRAEL?
Para a UE e os EUA a urgência em assegurar que o Irão não desenvolva uma bomba nuclear passa também pela essência da relação pouco amigável dos Persas com Israel. Este último não é assinante do TNP mas existem suspeitas de que também insista no enriquecimento de urânio. Uma guerra entre entre dois países não significa apenas destabilizar ainda mais o Médio Oriente, mas também um conflito com consequências imprevisíveis já que ninguém sabe ao certo com que tipo de armamento contam estas duas nações.
É certo que o Irão parece preparado para o pior. desde o anúncio das sanções
americanas, a antiga Pérsia já testou três mísseis durante um exercício naval
no estreito de Ormuz.
É expectável que, nos próximos meses, cada passo do Irão e Israel sejam, por isso, minuciosamente monitorizados e, eventualmente, negociados. No entanto, algo parece já certo: após as últimas sanções, a diplomacia da comunidade internacional terá de recorrer às suas melhores cartas para obter um compromisso por parte do Irão.
É expectável que, nos próximos meses, cada passo do Irão e Israel sejam, por isso, minuciosamente monitorizados e, eventualmente, negociados. No entanto, algo parece já certo: após as últimas sanções, a diplomacia da comunidade internacional terá de recorrer às suas melhores cartas para obter um compromisso por parte do Irão.
Raquel Petra Lopes
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